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Estado de Minas

Da prisão, Alberto e Keiko Fujimori acompanham crise na sua força política no Peru


postado em 02/10/2019 18:55

Força dominante que operava sem contemplações, o fujimorismo perdeu dramaticamente seu poder no Peru para um político novato, mas enérgico, como o presidente do país Martin Vizcarra, sem que seus líderes Alberto e Keiko Fujimori pudessem salvá-lo de suas celas.

"O fujimorismo se tornou uma força muito fraca. Embora eles ainda tenham controle do Congresso, eles estão numa situação crítica desde o ano passado", disse à AFP o analista Fernando Rospigliosi.

Depois de ser a primeira força do país desde 2016, o movimento fundado pelo ex-presidente descendente de japoneses corre o risco de se tornar uma minoria nas eleições legislativas de 26 de janeiro, convocadas após a dissolução do Congresso na segunda-feira.

"O fujimorismo está totalmente enfraquecido com o fechamento do Congresso. A situação do partido é uma crise total", diz o analista Luis Benavente.

Como o patriarca do clã - agora com 81 anos - estava preso desde 2007 por crimes contra a humanidade perpetrados sob seu governo (1990-2000), o partido foi liderado por sua filha mais velha, de 44 anos.

Keiko manipulava das sombras os fios do poder no Peru até ser enviada para a prisão por conta do escândalo de corrupção da Odebrecht, que atinge também quatro ex-presidentes peruanos.

- "Fujiaprismo" -

O fujimorismo é uma mistura populista de conservadorismo moral e economia neoliberal, que desde 1990 conseguiu votos em todos os estratos sociais do Peru.

Há alguns anos, tem sido um aliado de um antigo adversário, o partido social-democrata da APRA do falecido presidente Alan García, e essa aliança é conhecida como "fujiaprismo".

Keiko foi posta em prisão preventiva em 31 de outubro de 2018, quase um mês após seu pai voltar ao cárcere por conta da anulação de seu indulto.

Desde então o monolítico partido fujimorista Força Popular vem perdendo terreno, após Keiko quase ser eleita para a presidência em 2011 y 2016.

Apoiada por uma folgada maioria parlamentar obtida em 2016, Keiko impôs ao partido um estilo belicista e encurralou o presidente Pedro Pablo Kuczynski até forçá-lo a renunciar em março de 2018.

Mas não conseguiu subjugar Vizcarra (vice-presidente de Kuczcynski), um provinciano quase desconhecido e sem muita experiência política, que assumiu o cargo em 23 de março de 2018.

Sem partido ou bancada legislativa, parecia que Vizcarra seria uma presa mais fácil de dominar mas mostrou o contrário.

- Ruptura com Kenji -

Os problemas do fujimorismo surgiram em dezembro de 2017, quando Keiko defendeu no Congresso a destituição de Kuczynski.

No entanto, esta moção não conseguiu passar pelo plenário graças a oposição inesperada de uma dúzia de fujimoristas liderados por seu irmão Kenji Fujimori (39 anos).

O caçula da família estendeu a mão para Kuczynski, que, como compensação, perdoou seu pai, que cumpria uma sentença de 25 anos. Keiko não havia tentado lutar pela libertação de seu pai, temendo que ele disputasse a liderança política.

Keiko não desistiu de lutar contra Kuczynski, mas também passou a atacar o próprio irmão: semanas depois conseguiu cassar o mandato dele no Congresso, numa versão peruana da peça 'Rei Lear', de Shakespeare.

Vídeos divulgados em março de 2018, nos quais Kenji parece tentando convencer outros fujimoristas a apoiar Kuczynski, causaram um escândalo de "compra de votos" que provocou a renúncia do presidente.

- Breve lua de mel -

Depois de uma breve lua de mel com Vizcarra, Keiko tentou dobrá-lo. No entanto, o presidente reagiu forçando o Congresso a aprovar um pacote de reformas contra a corrupção, o que elevou às nuvens sua popularidade.

Paralelamente, a justiça encurralou Keiko e ela foi enviada à prisão preventiva por 36 meses.

Há quatro semanas, o Supremo Tribunal reduziu o período para 18 meses e, em breve, o Tribunal Constitucional emitirá a decisão sobre um recurso aberto pedindo sua libertação.

Com Keiko presa, o partido mergulhou em uma crise interna e surgiram novas deserções, incluindo o então presidente do Congresso, Daniel Salaverry.

- Manterá a maioria? -

O fujimorismo ganhou novos aliados - Pedro Olaechea, líder do Congresso dissolvido, e a vice-presidente peruana Mercedes Araoz -, mas eles não chegaram a dominar Vizcarra.

Aráoz renunciou na terça-feira à vice-presidência e ao cargo de "presidente encarregada" do Peru, que lhe foi conferido pelo parlamento na véspera da renúncia.

Juntamente com a dissolução do Congresso, Vizcarra convocou novas eleições legislativas, nas quais parece difícil para Fujimori revalidar sua maioria.

"Não creio que vá desaparecer, mas vai diminuir muito após a eleição de 26 de janeiro", disse Benavente.

"Eleitoralmente, não acredito que os fujimoristas possam se recuperar no futuro próximo, nem mesmo em 2020 ou 2021. , concluiu Rospigliosi.


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