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Estado de Minas INVESTIGAÇÃO

Donald Trump: entre a raiva, a rebeldia e a autocompaixão

Ameaçado por um impeachment, o presidente dos EUA lança contra-ataque com o apoio de seus congressistas republicanos


postado em 29/09/2019 04:00 / atualizado em 28/09/2019 19:16

 
Personagens do escândalo: Donald Trump, seu advogado, Rudy Giuliani, a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos EUA, Adam Schiff, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky(foto: Jim Watson/Saul Loeb/Mandel Ngan/Andrew Caballero-Reunolds/AFP)
Personagens do escândalo: Donald Trump, seu advogado, Rudy Giuliani, a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos EUA, Adam Schiff, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (foto: Jim Watson/Saul Loeb/Mandel Ngan/Andrew Caballero-Reunolds/AFP)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trava uma luta contra os democratas, que exigem o seu impeachment. O Congresso vai investigar o presidente republicano que, durante sua comunicação, teria pedido ao interlocutor que o ajudasse a obter informações comprometedoras para o ex-presidente Joe Biden, um dos favoritos para a candidatura do partido de oposição nas eleições de 2020.

O secretário de Estado, Mike Pompeo, tem prazo para entregar documentos relacionados com a Ucrânia até 4 de outubro. "A recusa em cumprir esse requisito constituirá prova de obstrução à investigação da Câmara", escreveram os chefes dos comitês de Relações Exteriores, Inteligência e Supervisão Executiva.

Entre a raiva, a rebeldia e a autocompaixão, Trump procura reparar os danos causados por pedir ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que investigasse seu potencial rival democrata. "Estamos em guerra", disse o presidente. Para o combate, Trump convocou seus aliados no Congresso e nos meios de comunicação para desviar o foco do telefonema a respeito de Biden e seu filho Hunter, que trabalhou na direção de uma companhia de gás ucraniana enquanto seu pai era vice-presidente de Barack Obama.

Uma lista de argumentos elaborada pela Casa Branca, para que os republicanos respondam ao escândalo desencadeado por um denunciante anônimo, foi acidentalmente enviada por e-mail aos legisladores democratas esta semana. O documento lista "mitos" e "fatos" que os republicanos devem lidar ao comentar publicamente a conversa telefônica de 25 de julho entre Trump e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenski. Essa conversa levou os democratas a iniciar um processo de impeachment por abuso de poder.

"Aqui o verdadeiro escândalo é que o vazamento de uma versão em segunda mão de uma conversa telefônica confidencial do presidente com um líder estrangeiro desencadeou um frenesi de falsas acusações contra o presidente", diz o texto. "O presidente não fez nada de errado", disse Mark Meadows, um congressista republicano, em prévia de uma entrevista à Fox Business News. Andy Biggs, outro congressista republicano, disse em outro trecho de uma entrevista à mesma cadeia, também retuitado por Trump, que o tratamento dos democratas ao presidente é "vergonhoso".

A presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, rebate: "Ao se tratar de um tema de segurança tão convincente, Trump simplesmente não nos deu outra opção", disse, em entrevista à emissora de televisão MSNBC. "Isso é sobre a segurança nacional do nosso país: o presidente dos Estados Unidos é desleal ao juramento de seu cargo, pondo a segurança nacional em risco, e pondo a integridade das nossas eleições em risco", completou Pelosi.

ASSÉDIO PRESIDENCIAL

Trump tentou, na sexta-feira, transformar o escândalo ucraniano em vantagem eleitoral, com acusações contra Biden, em um anúncio de sua campanha de reeleição. "Joe Biden prometeu à Ucrânia US$ 1 bilhão se o promotor que investiga a empresa de seu filho fosse demitido", diz um narrador. "Mas quando o presidente Trump pede à Ucrânia que investigue a corrupção, os democratas querem acusá-lo", continua o narrador. "Eles perderam as eleições. Agora querem roubar as próximas.”

Há meses, o ex-prefeito de Nova York e advogado pessoal de Trump Rudy Giuliani está atrás de acusações contra Biden, e o presidente dos Estados Unidos pediu a Zelenski que as "revisasse" com Giuliani. A acusação afirma que Joe Biden pediu a demissão do promotor-chefe da Ucrânia para proteger seu filho de uma investigação de corrupção na empresa de gás em que Hunter Biden tinha uma posição importante no conselho.

Mas Hunter Biden não foi oficialmente indiciado por nenhum crime e, de acordo com todos os relatos, Joe Biden solicitou a demissão do promotor porque os Estados Unidos, os países da Europa Ocidental e o FMI consideraram que ele não era suficientemente duro com a corrupção.

Enquanto isso, Trump vem se defendendo vigorosamente no Twitter, tendo como alvo o denunciante "partidário" e a "imprensa fake news e seu parceiro, o Partido Democrata". “Assédio presidencial!”, lançou a seus quase 65 milhões de seguidores. "Não houve nenhum presidente na história de nosso país que tenha sido tratado tão mal quanto eu", protestou. "Uma caça às bruxas fraudulenta dos democratas!"

Adam Schiff, o congressista democrata da Califórnia que lidera a atual investigação que pode levar ao processo de impeachment, tem sido um dos alvos favoritos de Trump, referindo-se a ele como um homem "corrupto" e "doente", que deveria renunciar.

Quem são os envolvidos na trama


Desde o denunciante até Donald Trump, passando por líderes políticos, vários personagens estão envolvidos no escândalo ucraniano que ameaça o mandato do presidente dos Estados Unidos:

>> Rudy Giuliani, o emissário: o ex-prefeito de Nova York e atual advogado pessoal de Trump recebeu instruções deste último para trabalhar com autoridades ucranianas na investigação sobre o ex-vice-presidente democrata Joe Biden, acusado, junto com o filho, de conduta ilegal na Ucrânia, mas bem posicionado para enfrentar Trump nas eleições de 2020. Giuliani se reuniu com funcionários ucranianos durante sua investigação, uma participação nos assuntos diplomáticos do país que gerou críticas em Washington, mas ele afirma ter agido em consulta com o Departamento de Estado.

>> Nancy Pelosi, a estrategista: a democrata que preside a Câmara dos Representantes anunciou na semana passada a abertura de uma investigação parlamentar visando destituir Trump, acusado de violar o juramento presidencial ao pedir ajuda estrangeira para conquistar o segundo mandato. Mas a estrategista e crítica feroz do multimilionário republicano se opôs durante muito tempo à ala esquerdista de seu partido, que exigia uma acusação formal contra Trump.

>> Adam Schiff, o investigador: o congressista democrata, de 59 anos, preside o Comitê de Inteligência da Câmara, que investiga as ações de Trump. Foi Schiff quem divulgou as informações do denunciante e ouviu o diretor nacional de Inteligência, Joseph Maguire, que havia bloqueado o relatório. Para Schiff, a denúncia põe em evidência a negociação iniciada por Trump: a liberação de ajuda militar em troca da cooperação de Kiev na investigação sobre a família Biden. Ele comparou Trump a um chefe mafioso.

>> O denunciante: este membro da Agência Federal de Inteligência (CIA), segundo a imprensa americana, diz que o presidente Trump usou sua posição "para buscar a interferência de um país estrangeiro nas eleições de 2020 nos Estados Unidos". Seu relatório, bastante detalhado, sugere que ele tem uma formação de analista, que trabalhou por um tempo para a Casa Branca e que conhece a política ucraniana, segundo o jornal The New York Times. O agente, que não testemunhou diretamente o telefonema entre Trump e Zelenski, checou algumas de suas informações como parte do "relacionamento regular entre agências".

>> O ex-comediante convertido em presidente: antes de ser eleito, em abril, Volodymyr Zelenski havia sido presidente da Ucrânia em uma série de TV. Aos 41 anos, o comediante prometeu lutar contra a corrupção endêmica e pôr fim à guerra contra os separatistas pró-Rússia no Leste daquele país. Durante sua conversa com Trump, parecia obsequioso e ansioso para agradá-lo efusivamente, garantindo ter tomado como exemplo sua campanha de 2016. Na semana passada, disse que o telefonema foi "normal. Ninguém me pressionou."


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