Quatro políticos se destacam entre os 18 candidatos à eleição presidencial deste sábado (28) no Afeganistão, que acontece sob a ameaça dos insurgentes do Talibã.
- O atual -
O presidente Ashraf Ghani, ex-economista do Banco Mundial e ex-ministro das Finanças, sonha há anos reconstruir o Afeganistão. Ele acredita que é um dos poucos, se não o único, capaz de fazê-lo.
Não há pesquisas credíveis, mas ele é considerado o favorito, embora a corrupção esteja profundamente enraizada no governo afegão e seu desejo de dialogar com o Talibã não tenha sido cumprido.
Apesar das várias ofertas de cessar-fogo, o Talibã sempre se recusou a negociar com o governo de Cabul, considerando-o um "fantoche" de Washington.
De fato, o governo afegão foi totalmente excluído das negociações realizadas no Catar nos últimos meses.
Se for reeleito, Ashraf Ghani tentará, sem dúvida, chegar a um acordo de paz com o Talibã, se os insurgentes o aceitarem. Caso contrário, já disse que está pronto para combatê-los "por gerações".
- O médico -
Abdullah Abdullah, chefe de governo e número dois do atual Executivo, tentará uma nova chance após ser derrotado nas duas eleições anteriores, ambas realizadas com numerosas acusações de fraude.
Ex-oftalmologista em Cabul, foi membro do governo de Burhanudin Rabani durante a guerra civil de 1992-1996 no Afeganistão. Foi o braço direito do lendário comandante tajique Ahmad Shah Masud.
Ghani e Abdullah já se enfrentaram em 2014 em uma eleição ofuscada por várias acusações de fraude, o que gerou uma grave crise constitucional que obrigou os Estados Unidos a impor um compromisso político aos dois homens.
Ambos nunca aparecem juntos em público. Se eleito, Abdullah Abdullah prometeu priorizar a paz.
- O açougueiro de Cabul -
Considerado um dos chefes de guerra mais sangrentos da história do Afeganistão, Gulbudin Hekmatyar foi um comandante anti-soviético, primeiro-ministro e agora candidato à presidência.
Acusado de ter matado milhares de pessoas durante a guerra civil de 1992-1996, foi apelidado de o "açougueiro de Cabul".
Os Estados Unidos o acusaram de conluio com os extremistas da Al-Qaeda e o Talibã, mas Hekmatyar fez um retorno surpreendente à política em 2017, depois de um acordo de paz entre seu grupo extremista, Hezb-i-Islami, e o presidente Ghani.
Se eleito, prometeu supervisionar a retirada de todas as forças estrangeiras do Afeganistão.
- O irmão do "Leon" -
Um quarto candidato, Ahmad Wali Masud, espera se beneficiar da popularidade de seu irmão mais velho, Ahmad Shah Masud - um dos principais opositores da ocupação soviética na década de 1980 e do regime talibã de 1996 a 2001 - que foi morto pela Al-Qaeda dias antes dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Masud, com pouca experiência política, é considerado um "outsider". No máximo, pode aspirar a integrar o futuro governo.