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Estado de Minas

Canadense Cullis-Suzuki, a voz da Eco-92, sai em defesa de Greta Thunberg


postado em 26/09/2019 16:37

Em 1992, aos 12 anos, a canadense Severn Cullis-Suzuki subiu ao púlpito da Conferência da Terra, no Rio de Janeiro, para interceder pelo planeta. Agora, ela apoia a luta de outra adolescente, a sueca Greta Thunberg, contra dirigentes aos quais "enche de vergonha".

"Sou só uma criança e não tenho todas as soluções, mas eu quero que vocês percebam de que também não têm", disse Cullis-Suzuki em 1992, dirigindo-se aos chefes de Estado e de governo reunidos na Cidade Maravilhosa.

Suas palavras poderiam ser as mesmas de outra adolescente, a sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que na segunda-feira, durante a Assembleia Geral da ONU, acusou os adultos de ter roubado seus sonhos e sua infância "com suas palavras vazias", com seus "contos de fadas de crescimento econômico eterno".

"Por que as décadas que se seguiram [à conferência do Rio] foram mais destrutivas?", questiona-se Severn Cullis-Suzuki, que falou com a AFP do arquipélago canadense de Haida Gwaii, em frente à costa da Colúmbia Britânica, onde mora com seu marido, membro da comunidade autóctone dos haida, e os dois filhos do casal.

"Tudo se explica pela forma de governar, pelos acordos que se assinam, mas não se respeitam", afirma. "Agora, temos as mudanças climáticas, que afetam quase todo mundo. Não temos tempo de esperar outra geração", adverte.

Aos 39 anos, Cullis-Suzuki acredita que os ataques pessoais dirigidos a Greta Thunberg, portadora de Síndrome de Asperger, um transtorno do espectro autista, se devem a que os adultos a veem como uma ameaça porque denuncia sua irresponsabilidade.

"É porque é poderosa. Enche os dirigentes de vergonha. Faz um chamado à revolução, por isso querem silenciá-la. É uma menina que diz, 'O rei está nu'".

"É uma jovem de quem riem pela aparência (...) Espero que tenha apoio espiritual e pessoal", diz Cullis-Suzuki.

Depois da Eco-92, ela trabalhou na Comissão da Carta da Terra, criada pela ONU e transformada em independente, que promove "princípios éticos fundamentais para construir no século XXI uma sociedade mundial mais justa, sustentável e pacífica".

Depois, estudou etnoecologia e foi assessora do secretário-geral da ONU Kofi Annan na Cúpula Mundial do Desenvolvimento Sustentável de Johannesburgo em 2002.

- "Estruturas destrutivas" -

Severn Cullis-Suzuki é filha da escritora Tara Elizabeth Cullis e do geneticista canadense David Suzuki, conhecido por seu programa de divulgação científica "A Natureza das Coisas" (The Nature of Things).

Atualmente está preparando uma tese de doutorado sobre a revitalização das línguas em risco, particularmente a haida, em vias de desaparecer.

Segundo ela, a diversidade cultural e a biodiversidade "fazem parte do mesmo processo".

É o caso dos índios kayapó da Amazônia, que vivem "nas últimas linhas de defesa antes das escavadeiras que devoram o planeta" ou das comunidades indígenas, que mostram em todas as partes que sabem "gerenciar o ecossistema e seus recursos".

O arquipélago de Haida Gwaii, antes conhecido como Ilhas da Rainha Carlota, quer deixar de usar energias fósseis em 2023, uma meta ambiciosa para um território rochoso de 10.000 km2, apelidado de "As Galápagos do Canadá" e que depende de geradores a diesel e uma única central hidrelétrica.

Severn e sua família comem produtos locais da terra, caça e pesca e tentam viajar menos. "Durante anos, insisti na necessidade de que cada um atue em seu nível, mas não pode haver uma única resposta individual" ante o que ela chama de "estruturas coletivas destrutivas".

"Nossa economia dominou nossos valores culturais (...) Temos que nos perguntar: o decrescimento significa menos qualidade de vida? Ao contrário", afirma Cullis-Suzuki, que defende um "New Deal" ecológico.

gab/hdy/cn /pc/erl/mvv/ll


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