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Estado de Minas

Lagarde defende 'um toque feminino' na condução da economia


postado em 20/09/2019 12:37

Os problemas econômicos são causados pelos homens, assim como são os homens que podem corrigi-los, mas um "toque feminino" não faria mal - diz a futura presidente do Banco Central Europeu (BCE), uma mulher acostumada com ser a pioneira em conquistar poderosas posições de liderança.

Lagarde foi a primeira mulher a dirigir o Fundo Monetário Internacional (FMI) e, após oito anos no cargo, prepara-se para mais um desafio. No final do ano, será a primeira presidente do BCE. Antes de entrar no FMI, foi a primeira ministra das Finanças da França.

Segundo ela, a economia mundial está "frágil" e "sob ameaça", devido às disputas comerciais e ao Brexit, e talvez por depender excessivamente dos apoios dos bancos centrais, como o BCE.

Embora tenha sido impelida a agir no FMI, aonde chegou em 2011 após a crise econômica mundial, Lagarde acredita que um banco central "deve se ajustar a seu mandato", uma percepção que talvez seja crucial quando assumir as rédeas do BCE.

Ou talvez não seja bem assim.

Em uma entrevista exclusiva para a AFP na quinta-feira (19), Christine Lagarde evitou se comprometer com indicações de como usará sua influência no novo cargo.

- Dizer a verdade ao poder

Em números, sua passagem pelo FMI impressiona: a entidade ajudou a evitar uma depressão mundial, 90 países (quase metade dos membros do FMI) receberam empréstimos, ou linhas de crédito diante da crise, e a capacidade de empréstimo do Fundo duplicou a US$ 1 trilhão.

Algo que ela lamenta é não ter chegado a tempo para convencer os governantes a aumentarem mais os recursos, pois o FMI, no "centro da rede de segurança financeira mundial", pode não ter dinheiro suficiente para a próxima e inevitável crise.

Ainda assim, a instituição continua sendo influente na política econômica e nas finanças.

"Acho que sempre dissemos a verdade ao poder e nem sempre para agradar ao poder", afirmou.

No momento, o Reino Unido está rompendo com a União Europeia (UE) sem um acordo que amortize o efeito da decisão, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deflagrou uma guerra comercial em várias frentes, tendo a China como principal alvo.

Essas ameaças minaram a confiança das empresas e dos exportadores e, por isso, o crescimento mundial pode registrar sua menor taxa desde 2008, quando explodiu a crise financeira global.

Tanto o Brexit quanto as disputas comerciais "foram feitas pelo homem e podem ser corrigidas pelo homem", disse ela, acrescentando: "Um pouco de feminilidade não vai fazer mal".

- Bancos centrais devem seguir orientações

Tomando emprestada uma frase de John F. Kennedy, Lagarde com frequência lembrou os governos de que "a hora de consertar o telhado é quando o sol está brilhando". Para ela, os tempos de bonança devem ser aproveitados para resolver os problemas de longo prazo e, ao mesmo tempo, ajudar as pessoas que não podem embarcar no trem da globalização e dos avanços tecnológicos.

Em meio a uma onda mundial de fúria contra o comércio e a globalização, os governos não têm feito o suficiente, aponta Lagarde. Segundo a futura presidente do BCE, são os bancos centrais que mais têm agido para evitar que a crise financeira se transforme em uma depressão.

"Acredito que os bancos centrais fizeram uma quantidade enorme de coisas e, durante muitos anos, foram vistos como os únicos" capazes de sustentar a economia, afirmou.

Se for confirmada como presidente do BCE, Lagarde trabalhará em um ambiente marcado pela incansável campanha de Trump para que o Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) reduza drasticamente as taxas de juros nos Estados Unidos para, com isso, estimular o crescimento da maior economia mundial.

Ao mesmo tempo, na Europa, o presidente em final de mandato do BCE, Mario Draghi, é criticado por levar as taxas para o terreno negativo, com o objetivo de alavancar o crescimento da UE.

A experiência mostra que, quando os políticos se intrometem na independência dos bancos centrais, a coisa "não termina bem". De qualquer modo, reforça Lagarde, "um banco central deve fazer o que lhe é destinado".

"Deve se ajustar a fatos e dados de modo que seja previsível", frisou.


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