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Estado de Minas

Ataques na Arábia Saudita revelam falhas da indústria petrolífera


postado em 18/09/2019 11:13

Os ataques contra instalações petrolíferas na Arábia Saudita no último sábado, que privaram o reino de metade de sua produção e provocaram um aumento recorde dos preços, revelaram os pontos fracos do setor.

"Há duas principais lições para as companhias de petróleo", disse à AFP Anoush Ehteshami, professor de Relações Internacionais da Universidade de Durham, na Inglaterra.

Segundo ele, a primeira é que "as instalações de petróleo são, por natureza, muito vulneráveis a todos os tipos de ataques", dada a natureza inflamável e explosiva dos hidrocarbonetos.

"A segunda lição, é que os governos regionais e potências internacionais são relativamente impotentes quando se trata de sua defesa", continua.

Ciente dos riscos de seus sítios petrolíferos em uma região regularmente abalada por conflitos, a Arábia Saudita está investindo pesadamente em sofisticados sistemas de defesa e armas, como mísseis terra-ar Patriot da americana Raytheon.

Mas isso não foi suficiente para evitar o ataque de sábado, que os Estados Unidos atribuem ao Irã.

No sábado, os rebeldes huthis do Iêmen assumiram a responsabilidade pelos ataques realizados, segundo as primeiras informações, por drones contra a usina de Abqaiq, a maior do mundo para o processamento de petróleo, e o campo de petróleo de Khurais.

Riad ainda não se pronunciou sobre os autores do ataque, que despertou o medo de uma escalada militar entre o Irã e os Estados Unidos, com o chefe da diplomacia americana Mike Pompeo viajando à Arábia Saudita para discutir a resposta de seu país.

De qualquer forma, os eventos de sábado mostram, segundo Ehteshami, que nenhum sistema de defesa, por mais moderno que seja, é infalível.

Para Valérie Marcel, membro do "think tank" britânico Chatham House, provam que "os sauditas devem rever sua preparação e capacidade de resposta de seu sistema de defesa".

- Cibernéticos -

Além de agressões do tipo militar, os ataques cibernéticos são um risco crescente.

"Todas as grandes potências, e mesmo as menores que estão em um contexto belicoso, estabeleceram estratégias de ataque (informático). E, em todas essas estratégias ofensivas, o suprimento de energia está presente", disse em agosto Gérôme Billois, especialista em segurança cibernética da Wavestone.

Rússia, China e Estados Unidos teriam desenvolvido essas capacidades, mas também países menores, como Coreia do Norte, ou Irã, que podem agir diretamente, ou por intermédio de grupos criminosos.

A ofensiva contra instalações do maior exportador mundial de petróleo também questionam os estoques mundiais, anteriormente considerados abundantes.

Ainda que o governo saudita tenha tentado tranquilizar, alegando já ter restaurado "metade da produção perdida" e que o restante será recuperado até o final de setembro, os ataques colocam em questão a segurança da oferta de petróleo saudita e de suas vastas reservas.

Segundo Marcel, a margem de segurança dos estoques mundiais parece muito menos confortável, porque, no caso de uma grande perturbação, "os estoques sauditas serão reduzidos, e toda capacidade de reserva será utilizada".

Em um futuro imediato, os governos saudita e americano argumentam que o mercado está bem abastecido - assim como a Agência Internacional de Energia -, garantindo que podem usar suas reservas para compensar a falta de produção saudita.

As reservas estratégicas de petróleo americanas foram criadas para esse tipo de situação: impedir que o país volte a experimentar um aumento de preços, como na crise do petróleo de 1973.

Ehteshami ressalta que, dada sua natureza estratégica nos Estados Unidos e na Arábia Saudita, "essas reservas são seguras".

"A vulnerabilidade das plataformas, refinarias e sítios de extração e carregamento que é problemática", continua ele.

Para Harry Tchilinguirian, analista do BNP Paribas, à luz dos eventos recentes, "o mercado deve aumentar o prêmio de risco nos preços do petróleo, dada a vulnerabilidade da cadeia de fornecimento saudita e a possibilidade da repetição de um ataque do mesmo tipo".


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