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Estado de Minas

Empresário preso e professor universitário agitam presidenciais na Tunísia


postado em 17/09/2019 17:26

Kais Saied, um intelectual conservador que fez campanha de porta em porta, e Nabil Karoui, um empresário preso por sonegação de impostos e lavagem de dinheiro, são os novos rostos da política da Tunísia após vencerem o primeiro turno da eleição presidencial graças a seus discursos antissistema.

Saieb (com 18,4% dos votos) e Karoui (15,58%) disputarão o segundo turno numa data que será fixada antes de 23 de outubro.

Apelidado de "Robocop" por seu jeito de falar, o constitucionalista Kais Saied surpreendeu ao ficar em primeiro lugar.

Este professor universitário de 61 anos, de rosto imperturbável e postura rígida, ficou conhecido em 2011 ao analisar na televisão os primeiros sobressaltos da democracia tunisiana, embalando a primeira das revoluções árabes.

"Sou o primeiro do primeiro turno e, se for eleito presidente, aplicarei meu programa", disse Saied à AFP, em um apartamento pequeno no centro de Túnis, cercado por quinze pessoas que participaram de sua campanha.

Seu oponente na próxima etapa será o empresário e fundador da rede de televisão Nessma, Nabil Karoui, um magnata das telecomunicações que está na prisão.

- Personagem controverso -

Karoui é um personagem controverso, durante muito tempo considerado próximo ao poder, antes de se converter num candidato que assegura ser o oposto da elite política.

Com 56 anos, foi acusado em julho de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos, mas afirma ser o candidato dos mais pobres. Sua prisão em 23 de agosto, dez dias antes do início da campanha eleitoral, não interrompeu sua progressão, pelo contrário.

Desde sua prisão, Nabil Karoui, que lidera um novo partido - "Qalb Tounes" ("no coração da Tunísia") - exibiu grande combatividade e denunciou uma "tentativa de golpe", além de se apresentar como um "prisioneiro" político e iniciar uma greve de fome na quinta-feira passada.

Apesar de propostas diferentes, os dois candidatos à presidência se declaram "antissistema".

Como Karoui, Saied baseou sua campanha em críticas às elites do poder, e recusa a qualquer programa que venda "ilusões".

- Mudar o sistema -

Saied propõe uma mudança de sistema modificando as instituições: reforma da Constituição e dos métodos de eleição, além de uma descentralização para que "a vontade do povo chegue ao poder central e ponha um fim à corrupção", defendeu durante a campanha.

Este professor universitário, que vive acompanhado de jovens estudantes, tendo feito uma atípica campanha de porta a porta, sem comícios, defende posições socialmente muito conservadoras.

De acordo com suas posições sobre as liberdades individuais, Saied é contra a abolição da pena de morte e a revogação de textos que punem a homossexualidade.

Também se opõe à igualdade em questões de herança, uma questão delicada, pois inclui um princípio ditado pelo Alcorão, segundo o qual uma mulher muitas vezes herda metade o que ficaria com um homem, quando ambos tem o mesmo grau de parentesco.

- Um polêmico café -

Durante um debate transmitido pela televisão na semana passada, Saied foi confrontado com uma foto na qual aparece tomando café com um ex-líder do movimento salafista Hizb-ut-Tahrir, Ridha Belhaj. Saied respondeu que, como candidato, ele tinha o direito de se encontrar com todos.

Já Karoui criou polêmica quando sua emissora Nessma - cujo cargo de presidente teve que abandonar oficialmente por lei para se candidatar - exibiu o filme franco-iraniano Persépolis, no qual havia uma representação de Deus proibida pelo Islã. A emissora foi multada e virou alvo de vários ataques.

A emissora fundada por Karoui é acusada de falta de transparência, e seu capital estaria parcialmente nas mãos do ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras.


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