O ex-líder de extrema-direita francês Jean-Marie Le Pen foi acusado nesta sexta-feira (13) de "desvio de fundos públicos" e "cumplicidade" no caso dos supostos empregos fictícios de seu partido no Parlamento Europeu, informaram os advogados do político à AFP .
O cofundador do partido que se chamava Frente Nacional e que teve o nome mudado para Reunião Nacional (RN), sob o comando de sua filha Marine, foi interrogado durante mais de quatro horas sobre a contratação de três de seus assistentes, segundo seus advogados.
Le Pen, de 91 anos, "está muito cansado disto tudo", declarou o advogado Frédéric Joachim.
"É um assunto evidentemente político, inclusive politiqueiro", afirmou Joachim, que denunciou a "interferência do poder judiciário no poder legislativo".
Já convocado em 11 de abril por este caso, Le Pen, que presidiu o partido de 1972 a 2011, recusou-se a comparecer perante os juízes, considerando-se ainda protegido por sua imunidade de eurodeputado.
Mas sua imunidade já estava cassada pelo Parlamento Europeu, a pedido da justiça francesa, desde 12 de março.
Os magistrados suspeitam que o partido e seus líderes tenham instalado "de maneira deliberada" um "sistema de desvio" da verba fornecida pela UE a cada deputado para remunerar os colaboradores parlamentares. Esse dinheiro teria sido desviado para utilização da própria legenda.
O prejuízo é calculado pelo Parlamento Europeu em cerca de 7 milhões de euros no período 2009-2017.