(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Triunfo de Zelenski na troca de presos entre Kiev e Moscou terá um preço


postado em 09/09/2019 12:31

O novo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, alcançou uma importante vitória política ao promover uma troca sem precedentes de prisioneiros com Moscou no fim de semana, mas isso poderá representar concessões perigosas da parte de Kiev no futuro - dizem especialistas.

No cargo desde maio, Zelenski, um ex-ator estreante na política, cumpriu uma de suas promessas eleitorais. Conseguiu a aprovação do presidente russo, Vladimir Putin, para a libertação, no sábado, dos 35 presos ucranianos mais conhecidos. Entre eles, estão o cineasta Oleg Sentsov e os 24 marinheiros capturados em um incidente naval no final de 2018.

"Politicamente, é um grande vitória para Zelenski", afirma o analista político ucraniano Volodimir Fesenko.

Qualquer intercâmbio com Moscou estava bloqueado há três anos. Os presos ucranianos foram recebidos em Kiev como heróis nacionais pelo chefe de Estado.

Em troca, Zelenski teve de entregar a Moscou um ex-líder militar dos separatistas pró-russos, considerado uma testemunha-chave na catástrofe do avião MH17 da companhia Malaysia Airlines. A aeronave foi derrubada há cinco anos em uma zona de guerra ao leste da Ucrânia.

Agora que os investigadores internacionais estabeleceram que o Boeing foi derrubado por um míssil russo, esta decisão incomodou a Holanda, que perdeu 196 cidadãos no episódio.

Haia pediu a Kiev, em vão, que não entregasse este prisioneiro para a Rússia. Moscou nega qualquer envolvimento nesta catástrofe.

- "Um preço alto" -

"Entregar um suspeito do caso do MH17 é um preço alto" que se paga em troca de um "passo modesto para a paz", considerou a revista britânica "The Economist".

Para o jornal alemão "Bild", trata-se, inclusive, de uma "dupla vitória" para Putin, que recupera o único suspeito detido e consegue que a Europa perca parte de sua confiança na Ucrânia, que fez ouvidos moucos ao pedido da Holanda".

O apoio ocidental frente a Moscou é essencial para Kiev, cujas relações com seu vizinho vivem uma crise sem precedentes desde a anexação em 2014, por parte da Rússia, da península da Crimeia, seguida da guerra com os separatistas. Deste então, este conflito já deixou cerca de 13.000 mortos.

A Ucrânia e parte da comunidade internacional acusam a Rússia de ter instigado esta guerra e de fornecer rebeldes milicianos e armas, entre elas o míssil que derrubou o MH17.

Depois de cinco anos de um conflito que não avança, a comunidade internacional, que impôs sanções contra a Rússia, está cansada e pode aproveitar o momento para pressionar Zelenski e obrigá-lo a fazer mais concessões.

"Está claro que vão tentar nos obrigar a resolver nossos problemas com a Rússia. O mundo está farto", diz uma fonte oficial ucraniana.

Segundo esta fonte, que acompanha o caso de perto, as autoridades de Kiev terão de ser fortes para "obter o máximo nesta situação", sem esquecer o desejo da Rússia de que as sanções desapareçam. "Mas há possibilidades de que a situação evolua", afirmou.

Para Volodimir Fesenko, "a comunidade internacional tem que entender que há limites que a Ucrânia não vai ultrapassar".

Em sua precipitação para chegar a um acordo, o presidente ucraniano, que deseja acima de tudo pôr fim ao conflito e recuperar os territórios separatistas, corre o risco de "cair na armadilha armada por Putin", adverte o analista.

Neste contexto, os chefes de Estado ucraniano, russo, alemão e francês pretendem se reunir em setembro. A cúpula já provoca reservas na Ucrânia.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)