A companhia aérea British Airways (BA) anunciou nesta segunda-feira o cancelamento de quase todos os voos no Reino Unido, no primeiro dia de uma greve de pilotos para reivindicar salários melhores.
"Não temos escolha a não ser cancelar quase 100% de nossos voos", anunciou a companhia em um comunicado, no qual explica que foi obrigada a tomar a decisão pela falta de informações do sindicato Balpa sobre o número de pilotos que estão em greve.
A paralisação pode afetar dezenas de milhares de passageiros: a companhia opera quase 850 voos por dia no Reino Unido, a maioria com decolagem dos aeroportos de Heathrow e Gatwick, em Londres.
Heathrow, um dos maiores aeroportos do mundo, teve menos atividade nesta segunda-feira de manhã.
O Terminal 5, usado pela British Airways, parecia desolado, com cafés vazios e longas filas de táxis que nenhum cliente encontrou, segundo a BBC.
A British Airways já havia alertado os clientes sobre cancelamentos de voos nesta segunda-feira em consequência da greve.
A empresa, que pertence ao grupo IAG, que também inclui espanhola Iberia e a irlandesa Aer Lingus, propôs aos passageiros a devolução do dinheiro ou a mudança das reservas para outras datas.
Esta é a primeira greve convocada pelos pilotos da British Airways, que deve seguir na terça-feira e ter uma terceira jornada em 27 de setembro. Quase 93% dos pilotos da BA que são membros do sindicato Balpa votaram a favor da paralisação.
- Sacrifícios dos pilotos -
O sindicato decidiu fazer greve após o fracasso das negociações sobre aumentos salariais.
A BA propôs um aumento salarial de 11,5% em três anos, oferta rejeitada pelo sindicato.
Segundo o Balpa, os pilotos fizeram "sacrifícios" nos últimos anos e agora querem se beneficiar dos bons resultados da empresa.
A BA, por sua vez, afirmou em comunicado estar "disposta a retomar as negociações com o Balpa".
Segundo a empresa, o aumento proposto aumentaria o salário de certos comandantes para mais de 200.000 libras por ano (US$ 250.000).
O Balpa explica que, de acordo com seus cálculos, um dia de greve custará 40 milhões de libras esterlinas, muito mais do que a diferença entre as propostas salariais da administração e o que os pilotos afirmam, uma soma não superior a cinco milhões de libras.
Esse movimento preocupa os investidores e a ação do grupo IAG, controladora da BA.
Essa greve histórica acontece em um momento difícil para a BA, a icônica empresa nacional, cuja reputação foi afetada nos últimos anos, principalmente devido ao roubo de dados financeiros no ano passado de centenas de milhares de passageiros.
Além disso, em maio de 2017, uma avaria gigante afetou seus sistemas devido a um problema de fornecimento de energia, que resultou no cancelamento de 726 voos, afetando 28% de suas aeronaves durante os três dias de um fim de semana prolongado.
