O presidente Jair Bolsonaro rodeou-se neste sábado de aliados e apoiadores, durante o desfile militar do 7 de Setembro em Brasília, onde parte do público o recebeu aos gritos de "Mito!", enquanto, em outras cidades, houve protestos.
Em sua primeira celebração do feriado da independência como presidente, o ex-capitão do Exército exaltou o espírito nacionalista e apareceu ao lado de empresários, líderes religiosos e aliados, em meio à erosão de sua popularidade interna e a embates com a comunidade internacional pela crise gerada pelos incêndios na Amazônia.
"A independência não vale nada se não temos liberdade, por tantas vezes ameaçada por brasileiros que não têm outro propósito a não ser o poder pelo poder", disse Bolsonaro à TV oficial antes do início das comemorações. "Compareçam, o Brasil é nosso, é verde-amarelo."
- 'Mito' x 'luto' -
Em Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, entre outras cidades, milhares de estudantes e grupos de esquerda manifestaram-se paralelamente aos atos oficiais pelo 7 de Setembro, uma tradição anual conhecida como Grito dos Excluídos.
Nesta edição, os manifestantes vestiram roupas pretas, um rechaço ao pedido de Bolsonaro para que se vestissem de verde e amarelo e símbolo do luto que dizem estar atravessando devido às políticas do governo para a educação, o meio ambiente e a defesa das minorias.
Bolsonaro havia convocado a população a vestir as cores do Brasil em defesa da "soberania" do país sobre a região amazônica. Em Brasília, embora muitos dos 20 mil espectadores estivessem vestidos de verde e amarelo, outros exibiam cores variadas.
Repetindo o ritual de sua posse, Bolsonaro desfilou pela Esplanada dos Ministérios em carro aberto, juntamente com seu filho Carlos Bolsonaro. Também entrou no carro um menino que vestia a camisa da seleção brasileira de futebol.
No meio do desfile, do qual participaram cerca de 3 mil integrantes das Forças Armadas, Bolsonaro quebrou o protocolo e desceu da tribuna de honra com alguns de seus ministros para cumprimentar de perto o público.
"Mito! Mito! Mito!", gritou parte da plateia ao vê-lo passar, lembrando o cântico de seus atos de campanha.
De volta à tribuna, Bolsonaro assistiu ao restante do desfile ao lado de sua família e de personalidades como o pastor evangélico Edir Macedo, dono da TV Record, e Sílvio Santos, dono do SBT. O presidente não segurou as lágrimas ao cantar o Hino Nacional.
Neste domingo, Bolsonaro passará por uma cirurgia em São Paulo, a quarta desde que levou uma facada no abdome durante um ato eleitoral em 6 de setembro de 2018.