Um destacamento policial significativo em Hong Kong impediu os manifestantes pró-democracia neste sábado de perturbar as operações do aeroporto, três dias depois que o governo cedeu a uma das principais demandas do movimento.
Os policiais, vestidos com o uniforme antimotim, eram muito mais visíveis do que o habitual neste sábado nas principais estações de ônibus e trem, assim como nos terminais de balsas, disseram jornalistas da AFP.
Alguns trens e ônibus que fazem ligação com o aeroporto ofereciam um serviço restrito, para reduzir a probabilidade de um grande número de manifestantes chegar ao terminal aéreo.
As autoridades aconselharam os viajantes a sair com bastante tempo de antecedência para evitar perder seus voos.
Nos fóruns utilizados por esse movimento, em grande parte sem líderes, os manifestantes foram convocados a atrapalhar o acesso ao aeroporto neste sábado, interrompendo as rotas ferroviárias e as conexões com os terminais.
Mas a mobilização da polícia parece ter impedido a ação de inúmeros manifestantes, que prometeram voltar para continuar com seus protestos.
- Outras demandas -
A ex-colônia britânica está passando pela pior crise desde seu retorno à administração da China em 1997, com ações quase diárias para denunciar especialmente o recuo das liberdades e a crescente interferência de Pequim nos assuntos de sua região semi-autônoma.
Na quarta-feira, a chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam - pró-Pequim - surpreendeu ao retirar um projeto impopular que permitia extradições para a China, motivo que desencadeou em junho as enormes manifestações.
Lam apresentou sua concessão, que era uma das principais demandas do movimento, como uma medida para aliviar a tensão e iniciar o diálogo.
Mas para os manifestantes, que nesses três meses estenderam o escopo de suas reivindicações, a medida ficou aquém e chegou muito tarde.
Eles também reivindicam anistia para milhares de presos, uma investigação sobre ações policiais e sufrágio universal.
Tanto Lam como Pequim rejeitaram todas as demandas.
O aeroporto de Hong Kong, pelo qual 74 milhões de viajantes passaram em 2018, tornou-se um alvo recorrente de manifestantes pró-democracia nas últimas semanas.
Uma tática que não é aprovada por todos por causa do caos que bloqueia a operação do terminal e pode causar inconvenientes para os viajantes.
No mês passado, centenas de vôos foram cancelados por dois dias, quando uma enorme multidão de manifestantes invadiu o o aeroporto para aumentar a conscientização dos passageiros que aterrissam em Hong Kong sobre sua causa.