A Austrália voltou a degradar as perspectivas para a Grande Barreira de Coral, considerando-as agora como "muito ruins", devido ao impacto cada vez maior do aquecimento global sobre este ecossistema único.
Em seu informe quinquenal, a Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Coral cita o aumento da temperatura do oceano como a ameaça mais grave para este sítio declarado Patrimônio da Humanidade.
"O grave impacto das temperaturas recordes na superfície da água faz o estado do habitat do recife passar de 'ruim' para 'muito ruim'", afirma esta agência do governo.
"A mudança climática se intensifica e é a ameaça mais grave para as perspectivas em longo prazo da região", continuou.
"Uma ação mundial de envergadura para responder à mudança climática é crucial para desacelerar a degradação do ecossistema e o valor patrimonial do recife e ajudar em seu restabelecimento", insistiu o órgão.
Inscrita no Patrimônio da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1981, a Grande Barreira de Coral se estende por cerca de 2.300 quilômetros ao longo da costa nordeste da Austrália e constitui o mais amplo conjunto de corais do mundo.
A agência adverte que o sítio enfrenta ameaças "múltiplas, que aumentam e se agravam". Cita, em especial, o escoamento de resíduos agrícolas e os estragos causados pela estrela-do-mar púrpura, uma devoradora de corais que proliferou devido à poluição.
A Autoridade explica que esta piora nas perspectivas para a Grande Barreira reflete a deterioração, desde 2014, de mais porções de todo o conjunto.
Em 2016 e em 2017, foram registrados dois episódios de branqueamento sem precedente de seus corais, um fenômeno atribuído ao aquecimento do planeta.
- Janela de oportunidade -
"Atualmente, estamos diante de uma janela de oportunidade para permitir uma melhora em longo prazo da Grande Barreira", afirma a agência.
Há anos, o governo conservador australiano é alvo das críticas de ONGs por sua inação na luta contra a mudança climática. O governo - afirmam essas organizações - prioriza a mineração e as exportações destes recursos fósseis, base do êxito econômico australiano.
A publicação deste relatório da Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Coral se dá no mesmo dia em que o governo divulgou novos números sobre as emissões australianas de gases causadores do efeito estufa. Elas continuaram aumentando no primeiro semestre, uma tendência que dura 40 anos.
O governo disse que se atém às metas fixadas pelos protocolos internacionais, especialmente do Acordo de Paris e garante que a totalidade das emissões é inferior a vários países industrializados.
A ONU pediu para receber uma cópia do informe antes de dezembro. O documento será levado em conta pela Unesco quando a organização decidir, em 2020, manter, ou não, a Grande Barreira de Coral em sua lista de Patrimônio Mundial.