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Estado de Minas GROENLâNDIA

Veja como reagiu a maior ilha do mundo à proposta de ser comprada por Trump

Desejo do presidente dos Estados Unidos de pagar para ser dono da ilha do extremo Norte revoltou moradores e políticos do país, autogovernado sob o reino da Dinamarca


postado em 17/08/2019 04:00 / atualizado em 16/08/2019 21:19

 
Não haveria brecha constitucional para venda do país, que é autogovernado sob o reino da Dinamarca(foto: Jonathan Nackstrand/AFP )
Não haveria brecha constitucional para venda do país, que é autogovernado sob o reino da Dinamarca (foto: Jonathan Nackstrand/AFP )
 
Loucura, piada, falta de senso de ridículo, delírio. Foram algumas das palavras usadas por moradores da Groenlândia e por políticos groenlandeses e da Dinamarca ao comentar a intenção expressa pelo presidente norte-americano, Donald Trump, de comprar a maior ilha do planeta, no extremo Norte. “A Groenlândia é rica em recursos valiosos, tais como minerais, a mais pura água e gelo, peixes, frutos do mar, energia renovável, e se trata de uma nova fronteira para o turismo de aventura. Estamos abertos aos negócios, não à venda”, declarou no Twitter o Ministério das Relações Exteriores da Groenlândia.

De acordo com o jornal Wall Street Journal, Trump pediu a assessores que sondassem uma negociação de compra da Groenlândia junto à Dinamarca. Ainda segundo a publicação, o magnata tem “curiosidade” sobre os recursos naturais e a relevância geopolítica do território insular autônomo dinamarquês.

A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, preferiu não se pronunciar. No entanto, lideranças da nação europeia criticaram o republicano. “Se é certo que (Trump) está trabalhando nesta ideia, então esta é a prova final de que ele está louco. (…) A ideia de que a Dinamarca pode vender 50 mil de seus cidadãos aos Estados Unidos é absolutamente louca”, declarou Soren Jespersen, do Partido Popular Dinamarquês, ao diário Jyllands Posten. “A Groenlândia não se vende! A época em que era possível comprar territórios e pessoas passou há muito tempo”, disse Michael Aastrup, membro de um partido local das esquerdas.

Em entrevista ao Estado de Minas, moradores da ilha também expressaram indignação. Professor e chefe do Departamento de Ciências Sociais da Universidade da Groenlândia, Steven Arnjford lembrou que a Groenlândia é um país autogovernado sob o reino da Dinamarca. “Não existe a possibilidade constitucional de uma venda ou de qualquer tipo de acordo”, explicou.

“Ao lembrar de como os EUA trataram seus povos indígenas, eu responderia a Trump: 'Não, obrigado'. Nós gostamos dos Estados Unidos como parceiro comercial e do entretenimento americano, mas não queremos viver imersos nisso”, acrescentou. Arnjford acredita que Trump estaria interessado na Groenlândia por questões estratégicas. “Além de novas rotas comerciais, ele busca fazer frente aos chineses e aos russos, que têm se posicionado na região do Ártico.”

Também morador da capital, Nuuk, de 18 mil habitantes, o coordenador de projetos de pesquisa Allan Peter Olsen, de 45, pensa da mesma forma. “Nossa ilha é muito importante geopoliticamente para os Estados Unidos. A relação com a Rússia está congelando, e a China tem ganhado influência no Ártico. Então, Washington precisa responder a essa invasão bem próximo à sua esfera de interesses. Há, ainda, o fato de a Groenlândia ser rica em recursos minerais e, provavelmente, em petróleo”, destacou.

Múte Bourup Egede, de 32, presidente do Inuit Ataqatigiit (o segundo maior partido político da Groenlândia) e a mais jovem liderança política da Groenlândia, qualificou de “sonho” o desejo de Trump e defendeu ações concretas, em benefício do território insular. “Devemos desenvolver uma cooperação equânime e defender, por exemplo, o Acordo Igaliku”, disse, em alusão ao tratado assinado em 2004 por Groenlândia, EUA e Dinamarca para promover a cooperação em meio ambiente, ciência, tecnologia, saúde, comércio, turismo, educação e cultura.

“Em vez de sonhos malucos, vamos falar sobre o progresso de nosso comércio e sobre as consequências das mudanças climáticas, especialmente no Ártico. Também não nos esqueçamos dos direitos das comunidades indígenas”, sugeriu. Múte também pediu ao Naalakkersuisut (governo da Groenlândia) e à premiê da Dinamarca que ajam com cautela e se reúnam com Trump. “Se houver algo que saibam sobre os planos de Trump, então, isso deve ser colocado sobre à mesa”, comentou.




Piada nas redes sociais

(foto: nicholas kamm/afp)
(foto: nicholas kamm/afp)

Apesar da indignação com os planos de Trump (foto), moradores da Groenlândia trataram o assunto com bom humor. Nas redes sociais, uma montagem de computador mostra um arranha-céu banhado a ouro, com o nome do presidente no topo da fachada”, em meio a casebres em um vilarejo groenlandês. 


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