As forças separatistas do Iêmen anunciaram neste sábado que haviam tomado o controle do palácio presidencial de Aden, no sul do país, capital "provisória" do governo do presidente Abd Rabo Mansur Hadi, após dias de combates com as forças pró-governamentais.
Trata-se de uma tomada sobretudo simbólica, já que o presidente Abd Rabo Mansur Hadi está no exílio na Arábia Saudita.
"Tomamos o palácio Maashiq das mãos das forças presidenciais sem combate", afirmou um porta-voz da força separatista à AFP.
O governo iemenita acusou os Emirados Árabes Unidos de serem "responsáveis pelo golpe de Estado" dos separatistas.
A coalizão liderada pela Arábia Saudita que combate no Iêmen pediu neste sábado um cessar-fogo "imediato" em Aden e uma "reunião de emergência" das partes em conflito nessa cidade.
"A coalizão convoca um cessar-fogo imediato na capital provisória iemenita [Aden] [...] e afirma que usará a força militar contra quem o violar", declarou um de seus porta-vozes citado pela agência de notícias oficial saudita.
Segundo fontes militares e de segurança, combatentes separatistas já haviam tomado três quartéis das forças governamentais em Aden.
O poder leal ao presidente Hadi estabeleceu sua sede cidade, desde que a capital histórica do país Sanaa, no norte, ficou em poder dos rebeldes.
Combatentes separatistas e soldados governamentais, em teoria todos aliados desde 2015 em uma coalizão liderada pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos, travam combates desde quarta-feira.
Essa heterogênea coalizão árabe-sunita luta no norte contra os rebeldes xiitas huthis, apoiados pelo Irã.
Os combates em Aden entre separatistas do chamado "Cordão de Segurança", que recebem apoio dos Emirados, e das tropas do governo, deixaram pelo menos 18 mortos - combatentes e civis -, segundo médicos e fontes de segurança.
A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) também contabilizou mais de 75 feridos desde sexta-feira
No sábado, o governo dos Emirados afirmou estar trabalhando para alcançar uma distensão e pediu que o enviado especial de la ONU para Iêmen, Martin Griffiths, fizesse o mesmo, segundo a agência de notícias oficial dos Emirados WAM.
O governo iemenita pediu à Arábia Saudita e aos Emirados que "pressionem urgentemente" os separatistas "para impedir" qualquer escalada militar.
- Hostilidade Norte-Sul -
A situação em Aden aprofundaram a guerra em um país onde dezenas de milhares de pessoas morreram, incluindo civis, segundo ONGs.
Cerca de 3,3 milhões de pessoas continuam deslocadas e 24,1 milhões (80% da população) precisam de assistência, segundo a ONU.
O Iêmen do Sul foi um Estado independente até 1990. O ressentimento na parte sul do país contra os iemenitas do norte, que eles acusam de impor a integração, continua forte.
O conflito deixou dezenas de milhares de mortos, de acordo com várias ONGs.
O atual conflito, com múltiplas arestas, deixou milhares de mortos e cerca de 3,3 milhões de deslocados, segundo a ONU.
Os separatistas do Conselho de Transição do Sul - que incluem o "Cordão de Segurança" - já haviam enfrentado as unidades leais ao presidente Hadi.
Em janeiro de 2018, pelo menos 38 pessoas morreram e 222 ficaram feridas, depois de três dias de combates.
Em janeiro, os combates entre ambos os lados deixaram 38 mortos, e a situação se acalmou com a intervenção organizada por Arábia Saudita e Emirados Árabes.
Iêmen enfrenta agora o risco de uma "guerra civil dentro de uma guerra civil", estimou em um relatório do think tank sobre conflitos International Crisis Group (ICG).