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Estado de Minas

Manifestação por eleições livres reúne 50 mil pessoas na Rússia


postado em 10/08/2019 13:55

Cerca de 50 mil pessoas tomaram as ruas neste sábado em Moscou para pedir "eleições livres", na maior mobilização registrada na Rússia após o surgimento deste movimento contra a exclusão de candidatos independentes nas eleições locais de setembro.

Ao final do ato, cerca de 50 pessoas foram detidas.

Cerca de 49.900 pessoas protestaram na capital russa, segundo o Contador Branco, especializado na contagem de manifestantes. Mas, de acordo com a polícia de Moscou, 20.000 pessoas compareceram à manifestação.

Na demonstração anterior, também autorizada pelas autoridades, em 20 de julho, o Contador Branco indicou a presença de 20 mil pessoas.

As mobilizações crescem em Moscou no quarto fim de semana consecutivo de protestos, apesar da dura resposta das autoridades e da ausência da maioria dos líderes da oposição, praticamente todos presos.

A convocação, muito controlada, começou sob chuva no início da tarde e não podia durar mais de duas horas, além de ficar limitada à avenida Sákharov, perto do centro da capital russa.

Ao final do prazo, várias centenas de pessoas quiseram continuar com o protesto frente à administração presidencial, onde os esperava uma forte presença de policiais, que detiveram cerca de 50 manifestantes.

As pessoas exibiam cartazes que pediram direito ao voto livre, enquanto outras agitavam bandeiras russas e mostravam fotografias de ativistas detidos em manifestações anteriores.

"Estou indignada com essa injustiça em todos os níveis. Eles não deixam candidatos apresentarem, mesmo quem reuniu o número necessário de assinaturas. Prenderam pessoas por se manifestarem pacificamente", disse à AFP Irina Dargolts, uma engenheira de 60 anos.

As duas manifestações anteriores, proibidas, resultaram em 1.400 e 1.000 detidos, respectivamente, mostrando o endurecimento da repressão contra o movimento.

Essa repressão também é refletida nas numerosas perseguições de oponentes ou simples manifestantes, a abertura de uma investigação para intimidar o movimento do líder da oposição Alexéi Navalni e as sentenças curtas de prisão emitidas para quase todos os seus aliados políticos.

- Artistas mobilizados -

Entre os líderes da oposição liberal, a única que se livrou da prisão foi a jovem advogada Liubov Sobol, ainda em liberdade porque ela tem um filho pequeno.

"Eu não posso ir ao comício. Mas vocês sabem o que fazer sem mim. Tenho orgulho de todos aqueles que saíram às ruas", postou ela em sua conta no Twitter.

Embora a oposição esteja encurralada, várias personalidades, longe da política, participaram da manifestação, como Oxxxymoron, um dos rappers mais famosos da Rússia, que se manifestou com uma camisa em apoio a Egor Jukov, um estudante preso.

Artistas famosos como o grupo de música eletrônica IC3PEAK, cujos shows foram proibidos várias vezes nos últimos meses, se apresentaram na rua.

Outras manifestações estavam previstas para várias cidades da Rússia, como São Petersburgo, onde ocorreram 39 prisões, ou em Rostov de Don, onde seis pessoas foram presas, segundo a ONG OVD-Info.

A mobilização começou depois que foram rejeitadas 60 candidaturas independentes para as eleições locais de 8 de setembro, que se anunciam difíceis para os candidatos que apoio o poder em um contexto de mal estar social.

- Mordaça -

Com o passar dos dias, a linha dura escolhida pelo poder para enfrentar esse inesperado movimento de protesto parece ser definitiva, algo inédito desde que Vladimir Putin retornou ao Kremlin, em 2012.

Os promotores pediram esta semana para retirar os direitos de paternidade de um casal que se manifestou com o seu bebê, e ameaçou com uma medida semelhante outros pais que pretendiam fazer a mesma coisa.

As acusações de "rebeliões em massa" após a manifestação em 27 de julho estão sed multiplicando: 12 pessoas presas por esse motivo correm o risco de penas de até 15 anos de cadeia.

O Fundo Anticorrupção de Alexéi Navalni, cujos vídeos que revelam que a corrupção das elites russas acumula dezenas de milhões de visualizações no YouTube, é alvo da justiça, que já congelou as contas da organização.

"Esta é a tentativa mais agressiva até hoje", disse Navalni, que paga 30 dias de prisão até o final de agosto.

Paralelamente, as autoridades tentam, por todos os meios, dissuadir jovens moscovitas a se manifestarem.

Como aconteceu na semana passada, quando a prefeitura de Moscou organizou um festival de música gratuito, no sábado e no domingo, em um parque na capital.


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