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Estado de Minas

Militares e opositores fecham acordo para transição política no Sudão


postado em 03/08/2019 15:37

O Conselho Militar que governa o Sudão e os líderes dos protestos que sacodem o país há meses alcançaram neste sábado um acordo sobre uma declaração constitucional, que abre caminho para a transferência de poder aos civis, após semanas de árduas negociações.

"As duas delegações alcançaram um acordo pleno sobre a declaração constitucional", anunciou o mediador da União Africana (UA), Mohamed El Hacen Lebatt.

O chefe do Conselho Militar, general Abdel Fatah al-Burhan, elogiou na TV Al-Hadath o acordo, que disse ser "longamente aguardado".

O anúncio foi celebrado pelos manifestantes nas ruas da capital.

O acordo foi concluído após dois dias de negociações entre a Aliança pela Liberdade e a Mudança (ALC), que lidera o movimento, e o Conselho Militar estabelecido após a destituição em 11 de abril do presidente Omar al-Bashir.

Ibrahim al Amin, um líder do movimento, afirmou à AFP que o acordo aborda "questões sensíveis relativas à segurança, independência da justiça e sobre os poderes do governo, assim como sobre o Conselho Soberano".

A declaração constitucional completa um acordo de 17 de julho para a criação de um Conselho Soberano composto por cinco militares e seis civis, responsável por administrar a transição durante três anos.

Os pontos ainda indefinidos dizem respeito aos poderes deste Conselho, ao deslocamento das forças de segurança e à imunidade de generais envolvidos em atos de violência contra manifestantes, em particular a repressão de 3 de junho.

Pelo menos 127 manifestantes morreram na data, de acordo com um comitê de médicos próximos da oposição.

Uma investigação oficial apontou a participação de paramilitares das temidas Forças de Apoio Rápido (RSF), que negam qualquer responsabilidade.

Nas ruas de Cartum, os manifestantes exigiram uma reparação pelas vítimas da repressão, que deixou 250 mortos desde dezembro, segundo o comitê de médicos.

Madani Abbas, outro líder do movimento, afirmou que aqueles que cometeram "violações durante as manifestações deverão prestar contas". Também disse que a declaração constitucional prevê um "comitê de investigação independente".

As conversações estavam previstas para terça-feira, mas foram adiadas após a morte na segunda-feira de seis pessoas, incluindo quatro estudantes do ensino médio em Al Obeid (centro) durante um protesto.

Na quinta-feira, durante uma passeata em Omdurman, perto de Cartum, para pedir justiça por estas vítimas, morreram quatro pessoas.

O Conselho Militar anunciou na sexta-feira a detenção de nove paramilitares das RSF acusados de envolvimento na morte de manifestantes.

Comandadas por Mohammed Hamdan Daglo, hoje número dois do Conselho Militar, as RSF eram um pilar do regime de Bashir, antes de contribuir para sua destituição.

Reuniões devem definir detalhes técnicos e discutir a cerimônia de assinatura do acordo, segundo o mediador da UA.

O descontentamento dos sudaneses, que teve como estopim a decisão de 19 de dezembro do governo de triplicar o preço do pão, se transformou rapidamente em um movimento de oposição ao presidente.

Para Ahmed Ibrahim, de 25 anos, o acordo anunciado mostra o sucesso dos protestos: "A revolução triunfou e nosso país entra no caminho que nos levará a um poder civil".


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