Jornal Estado de Minas

Ato de Trump é boicotado por congressistas negros em meio a acusações de racismo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visitou, nesta terça-feira (30), o local da primeira colônia permanente de ingleses no país para comemorar os 400 anos de democracia representativa, mas os representantes (deputados) estaduais negros boicotaram o evento por considerá-lo um ato de racismo aberto do republicano.

Trump se encontra no olho do furacão por suas declarações consideradas insultantes e racistas em relação aos cidadãos afro-americanos e às minorias étnicas. Na cerimônia realizada em Jamestown, na Virgínia, ele não parecia, porém, ter pressa para acalmar os ânimos.

"Sou a pessoa menos racista do mundo", disse Trump à imprensa ao deixar a Casa Branca, devolvendo a acusação para um de seus principais acusadores, o proeminente ativista pelos direitos civis, reverendo Al Sharpton.

Nas últimas duas semanas, o presidente investiu contra quatro congressistas democratas representantes de minorias, contra um respeitado legislador democrata negro de Baltimore e contra Sharpton. Foi acusado de aprofundar, deliberadamente, as divisões raciais para atender à sua base de eleitores brancos da classe trabalhadora, pensando na reeleição em 2020.

Em seu discurso, Trump homenageou a criação, em 1619, da primeira assembleia legislativa em Jamestown. A Casa foi instalada para governar a incipiente colônia inglesa, precursora da democracia americana.

Disse ainda que, junto com os primeiros colonos, chegaram os primeiros escravos africanos, o que fez de Jamestown um símbolo não apenas da liberdade, como da escravidão em massa.

"Lembramos de todas as almas sagradas que sofreram os horrores da escravidão", declarou Trump, referindo-se a um "bárbaro comércio de vidas humanas".

Trump também enfatizou que foi necessária uma guerra civil para pôr fim à escravidão em 1865 e outro século para que o movimento dos direitos civis acabasse com as políticas abertamente racistas em relação aos afro-americanos.

Em uma incomum interrupção de um discurso presidencial, um congressista pela Virgínia levantou um cartaz que dizia "Deportem o ódio" e "Volte para sua casa, corrupto".

Trump interrompeu sua fala, enquanto o congressista, identificado como Ibraheem Samirah, foi retirado do local. O presidente não reagiu.

A cerimônia também foi ofuscada pelo ambiente político tensionado pelos recentes ataques de Trump. Para os congressistas afro-americanos da Virgínia, a celebração foi "manchada" por Trump.

"É impossível ignorar o emblema do ódio e o desdém que o presidente representa", disseram os legisladores em um comunicado, acusando Trump de usar uma "retórica racista e xenófoba".

Nesta terça, Trump negou que a polêmica racial, a qual rompe todas as normas da política tradicional de Washington, tenha prejudicado sua imagem.

"Os afro-americanos estão ligando para a Casa Branca. Nunca se sentiram tão felizes com o que nosso presidente fez", afirmou, falando de si mesmo.

A AFP não conseguiu verificar a suposta onda de telefonemas para a Casa Branca de forma independente.

Pesquisas de opinião recentes mostram, contudo, que o apoio de Trump entre os eleitores negros em todo país é particularmente baixo.

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