Jornal Estado de Minas

Cinco manifestantes morrem por disparos no centro do Sudão

Cinco manifestantes, entre eles quatro estudantes, morreram por disparos das forças de segurança na cidade de Al Obeid, no centro do Sudão - afirmou um comitê médico próximo ao movimento de protesto sudanês.

"Cinco mártires foram baleados durante uma manifestação pacífica", denunciou o comitê em um comunicado.

A repressão também deixou um número indeterminado de feridos, acrescentou o comunicado, que não deu mais detalhes sobre as razões da manifestação.

O incidente ocorreu na véspera da retomada das negociações entre o regime militar e os líderes do protesto, para se chegar a um acordo sobre a transição política no país.

Desde dezembro de 2013, o Sudão vive um movimento de protesto popular que teve início como uma reação ao aumento do preço do pão, mas que rapidamente resultou em demandas de democratização.

O presidente Omar al Bashir, que governou o país durante 30 anos, foi destituído, e uma junta militar afirma estar disposta a liderar o país em novo regime. Suas propostas não conseguiram convencer, porém, os defensores de uma mudança política drástica.

Al Obeid é a capital do estado de Kordofan do norte e, até hoje, não havia vivido importantes manifestações contra o poder.

A Associação de Profissionais Sudaneses (SPA), um dos principais organizadores do protesto, disse que houve tiros com "balas reais" contra uma concentração de estudantes.

"Pedimos a todos os cidadãos, médicos e socorristas para irem aos serviços de emergência(...) que recebem os feridos baleados com balas reais", disse o grupo em sua página no Facebook.

A mobilização popular ganhou força após a divulgação, no último sábado, de um relatório oficial que reconhece que um grupo de paramilitares estava envolvido na sangrenta dispersão de um protesto em Cartum, em 3 de junho passado.

O informe assegura que os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) "desobedeceram às ordens" da junta militar. Os líderes do movimento de protesto rejeitam as conclusões sobre uma repressão sangrenta, que deixou pelo menos 127 mortos.

A junta militar e os líderes da oposição retomarão as negociações na terça-feira.

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