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Estado de Minas

Procurador diz não poder isentar, nem acusar Trump de conluio com russos


postado em 24/07/2019 20:37

Robert Mueller, o procurador especial que investigou a ingerência russa na campanha eleitoral de 2016 nos Estados Unidos, negou nesta quarta-feira (24) poder isentar Donald Trump de obstruir sua investigação, embora tenha se recusado a fazer acusações ao presidente durante seu comparecimento ao Congresso.

Em uma audiência tensa, Mueller disse aos legisladores democratas e republicanos que embora as diretrizes do Departamento de Justiça impeçam processar um presidente no exercício de suas funções, teoricamente Trump poderia ser processado por obstrução da Justiça depois de deixar o cargo.

Com a voz trêmula e em alguns momentos com um semblante de incerteza, o procurador especial de 74 anos não deu aos democratas o que eles queriam: uma declaração que indicasse claramente que Trump obstruiu a Justiça, de forma que se pudesse sustentar um processo de impeachment.

No entanto, em suas declarações esteve perto de sugeri-lo, em maior grau que em seu relatório publicado após 22 meses de investigações.

Em muitas ocasiões, pediu aos congressistas que reformulassem as perguntas e em outras referiu-se ao informe de 448 páginas, dizendo que não iria além.

Mas suas respostas demonstraram que não estava de acordo com as afirmações do presidente americano de que o informe o isentava.

"O presidente não foi inocentado pelos atos que supostamente cometeu", disse Mueller, e acrescentou que era "certo" que Trump poderia ser processado por obstrução da Justiça depois de deixar o cargo.

Apesar de Trump ter insistido esta semana em que não assistiria ao depoimento, transmitido ao vivo pela televisão para todo o país, uma vez concluído comemorou dizendo que tinha tido "um bom dia.

"Tivemos um bom dia hoje. O Partido Republicano, nosso país; não havia argumentos para o que Robert Mueller estava tentando defender", disse Trump a jornalistas.

- "O presidente não pode ser processado" -

Mueller decepcionou os democratas que esperavam evidências incriminatórias sobre os vínculos entre a Rússia e a campanha de Trump e as supostas tentativas de obstrução à justiça do presidente.

Depois de décadas no Departamento de Justiça, Mueller, um ex-marine, tinha fama de rígido, disciplinado e de ser um procurador sem tempo para a política.

Mas as conclusões finais de seu relatório, publicado em abril, deixaram muitos confusos sobre se havia ou não envolvimento de Trump em supostos crimes.

O relatório de Mueller documenta os longos contatos entre a campanha de Trump e os russos, inclusive as tentativas de cooperar ou conspirar, nenhum dos quais é um delito específico.

- Conspiração: sim ou não? -

Mueller disse por fim que não havia provas suficientes para recomendar acusações de conspiração, a principal acusação legal que poderia usar.

O procurador também apresentou em detalhes dez casos nos quais Trump teria supostamente tentado obstruir a investigação.

Mas disse estar impedido de recomendar a apresentação de acusações contra Trump porque as regras do Departamento de Justiça (Procuradoria-geral) o proibiam de acusar um presidente no exercício de suas funções.

"O presidente não pode ser processado por um delito", disse.

Na segunda audiência perante o Comitê de Inteligência, Mueller confirmou que a equipe de campanha de Trump teve contatos questionáveis com a Rússia em 2016, em parte impulsionados por negócios que queriam assegurar.

E disse que é "absolutamente correto" que, apesar de não ter acusado os membros da campanha de Trump de conspiração por fazer conluio com os russos, sua investigação encontrou, sim, evidências de conspiração.

Mueller qualificou de problemático o incentivo público de Trump para que o WikiLeaks vazasse documentos roubados pela Rússia sobre sua adversária nas eleições presidenciais de 2016, a democrata Hillary Clinton.

Em relação aos contatos entre o WikiLeaks e o filho de Trump, Donald Jr., nessa época, Mueller disse que eram "perturbadores".

- Descolamento -

Em uma tentativa de se descolar da campanha para as eleições presidenciais em 2020, Mueller negou-se a ler em voz alta as conclusões de seu relatório ou a descrevê-las em frases completas.

As respostas evasivas e curtas do procurador tampouco comungaram com os esforços dos democratas de encontrar novos caminhos para afetar a reputação de Trump.

Mas Mueller foi claro na hora de defender a integridade de sua investigação, que Trump denominou como uma "caça às bruxas".

"Estou neste negócio há quase 25 anos e nestes 25 anos, nunca perguntei a alguém sobre sua filiação política", afirmou.

"O que importa para mim é a capacidade de um indivíduo fazer o trabalho e fazê-lo rápido e de uma forma séria e com integridade", acrescentou.


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