O Paraguai saudou a decisão do governo brasileiro de revogar o status de refugiado e aceitar a extradição de três militantes esquerdistas paraguaios acusados de sequestrar uma empresária em troca de resgate.
"O governo brasileiro está fazendo todos os esforços para pegar os foragidos da nossa Justiça e colocá-los à disposição do Paraguai", afirmou o ministro do Interior paraguaio, Juan Villamayor, nesta terça-feira (23), em declarações aos jornalistas.
No Twitter, o presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça que o Brasil revogou o status de refugiado dos três paraguaios reclamados por Assunção por suspeita de terem participado do sequestro da esposa de um empresário em 2001.
"O Ministro Moro retirou o status de refugiado, concedido pelo governo Lula (2003), para três terroristas do Exército do Povo Paraguaio (EPP). Voltarão para seu país e pagarão pelos seus crimes, a exemplo de Cesare Battisti, preso na Itália", tuitou o presidente paraguaio, Marito Abdo, referindo-se ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
Bolsonaro se referia ao italiano Césare Battisti, condenado à prisão perpétua por quatro assassinatos na Itália nos anos 1970. Ele residia no Brasil desde 2004, onde obteve o status de refugiado.
Em janeiro deste ano, Battisti fugiu para a Bolívia, depois de Brasília ter emitido um mês antes um pedido de captura contra ele. Lá, foi capturado e enviado para as autoridades italianas.
A Justiça paraguaia exigia a volta de seus três cidadãos pela suspeita de terem participado, em 2001, do sequestro de Maria Edith de Debenardi, mulher do empresário Antonio Debenardi e nora do primeiro presidente da Itaipu Binacional, Enzo Debenardi.
"O Brasil não será mais refúgio para estrangeiros acusados, ou condenados, por crimes comuns. A nova postura é de cooperação internacional e respeito a tratados. Aqui não é terra sem lei", comentou Moro ao retuitar o presidente Marito Abdo, que falou sobre o caso mais cedo.
Os políticos em questão são Juan Arrom, Anuncio Martí e Víctor Colmán, foragidos do Paraguai em 2003, um dia antes do julgamento em que a Promotoria pretendia fundamentar sua culpa.
Os três receberam o status de refugiados políticos no Brasil durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles alegavam ser perseguidos políticos e que não gozavam de garantias legais no Paraguai.
Em janeiro, o governo de Mario Abdo havia solicitado a revogação do refúgio político.
"A partir deste momento, o status de refugiado é definitivamente cessado. Agora, o pedido de prisão contra essas pessoas foi emitido.
Ele acrescentou que os acusados podem retornar ao Paraguai voluntariamente ou, caso contrário, enfrentarão um processo formal de extradição.
"Dependerá da velocidade da Justiça brasileira e do desempenho de seus advogados", acrescentou.
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