O chefe do governo espanhol em exercício, o socialista Pedro Sánchez, se submete nesta terça-feira ao primeiro voto dos deputados para ser reconduzido à frente do governo, mas suas chances de sucesso parecem diminuir após divergências com potenciais aliados.
O debate na segunda-feira envolveu uma troca de críticas e de ameaças entre o líder socialista de 47 anos e Pablo Iglesias, líder do Podemos (esquerda radical).
Com apenas 123 dos 350 deputados, o Partido Socialista (PSOE) precisa do apoio de 42 deputados da esquerda radical e de partidos regionais, incluindo separatistas catalães.
A primeira votação, marcada para esta tarde, parece perdida: o candidato precisaria de uma maioria absoluta, ou 176 votos. Na segunda rodada, na quinta-feira, uma maioria simples será suficiente, mas isso o levará a ter que se entender com o Podemos.
Os dois partidos iniciaram negociações na sexta-feira, depois que Pablo Iglesias cedeu às exigências de Pedro Sánchez ao desistir de entrar no governo.
Se alcançarem um acordo, a Espanha terá seu primeiro governo de coalizão à esquerda desde 1936, quando eclodiu a guerra civil.
Se fracassar, Pedro Sánchez terá dois meses para tentar novamente, caso contrário, novas eleições legislativas, a quarta em quatro anos, serão realizadas em 10 de novembro.
- Pessimismo -
Nesta terça-feira, o clima era de pessimismo, depois que Pedro Sánchez e Pablo Iglesias se enfrentaram em público sobre o papel do Podemos no governo.
Pablo Iglesias chegou a concluir sua intervenção advertindo que, sem um governo de coalizão, Pedro Sánchez "jamais presidirá" o governo.
O Podemos já não exclui a possibilidade de votar contra Sánchez. "No momento, somos a favor do não", afirmou Ione Belarra, deputada do partido. "O que eles nos propõem nessas negociações é um simples papel de figuração no governo".
A esquerda radical acusa os socialistas de negarem a ela todos os ministérios e outras pastas importantes: Trabalho, Finanças, Transição Ecológica, Igualdade.
Para complicar a tarefa, a retomada dos debates nesta terça será marcada pela questão catalã.
O separatista catalão Gabriel Rufian, cujo grupo deve se abster para permitir que Pedro Sánchez seja reconduzido, acusou-o de ter sido "irresponsável e negligente ontem".
"Não aposte como certa a nossa abstenção. (...) Você tem 48 horas para entrar em acordo" com a esquerda radical, advertiu, censurando-o por mal ter mencionado em seu discurso político a Catalunha.
Pedro Sánchez é firmemente contrário à principal exigência dos separatistas de um referendo de autodeterminação na Catalunha.