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Estado de Minas

Premiê do Kosovo renuncia após convocatória judicial por crimes de guerra


postado em 19/07/2019 14:37

O primeiro-ministro kosovar, Ramush Haradinaj, que foi comandante da guerrilha do Exército de Libertação de Kosovo (ELK) no conflito com Belgrado, anunciou nesta sexta-feira (19) que renunciará após ser convocado como suspeito de crimes de guerra em Haia.

"Fui convocado pelo tribunal especial como suspeito e me ofereceram ir como primeiro-ministro, ou como um cidadão comum de Kosovo. Escolhi o segundo", disse Haradinaj à imprensa.

Apoiado pela União Europeia, o tribunal de Haia foi criado em 2015 para julgar os crimes de guerra supostamente cometidos pelo ELK, em particular contra sérvios, romanos e opositores políticos kosovar-albaneses durante a guerra e depois dela.

"A responsabilidade de iniciar as consultas para fixar a data das eleições recai agora no presidente. Me ofereço ao povo novamente para conquistar sua confiança. Não sou acusado, mas serei interrogado", disse ele, depois de uma reunião do governo.

Em uma entrevista concedida à AFP no começo desse ano, Haradinaj disse que Kosovo responderá a todas as demandas do tribunal.

Em meados de janeiro, o tribunal especial iniciou os interrogatórios em Haia, por onde já passaram outros dois antigos dirigentes do ELK - Rrustem Mustafa-Remi e Sami Lushtaku.

De acordo com a imprensa em Kosovo, as primeiras acusações devem começar este ano. Os jornais locais especulavam, com frequência, sobre o indiciamento de Haradinaj, assim como do presidente Hashim Thaçi e do presidente do Parlamento, Kadri Veseli.

"O governo do país continua em suas funções sem que se crie um vazio", disse Haradinaj.

Segundo a Constituição, depois da renúncia do primeiro-ministro, o governo fica com o corpo técnico encarregado dos assuntos diários até que se eleja um novo.

Antes de convocar eleições antecipadas, o presidente Hashim Thaci pode propor um novo candidato de maneira concertada com a coalizão atual liderada por Haradinaj para formar um novo governo.

A renúncia acontece em meio a tensões crescentes com a Sérvia e quando o diálogo sob mediação da UE se encontra estagnado há meses.

Haradinaj desafiou a pressão internacional para abolir as tarifas de 100% impostas em novembro sobre os produtos sérvios.

A Sérvia insiste que não continuará dialogando enquanto as tarifas não fossem retiradas. Também se nega a reconhecer a independência de Kosovo, embora tenha aceitado chegar a acordos vinculantes sobre alguns assuntos com sua antiga província.

Um acordo entre Pristina e Belgrado é necessário se ambos quiserem avançar em seu caminho para entrar na UE.

- Absolvido em duas ocasiões -

Esta é a segunda ocasião em que Haradinaj renuncia depois de ser convocado por uma corte de crimes de guerra.

Ele foi absolvido em 2008, mesmo ano em que Kosovo declarou unilateralmente sua independência da Sérvia, e de novo em 2012 quando foi acusado de supostas intimidações no primeiro caso.

O tribunal foi criado após o relatório do Conselho da Europa que acusava o ELK de sequestrar e desaparecer 500 civis, na maioria sérvios e opositores políticos kosovar-albaneses.

A guerra de Kosovo, último conflito da antiga Iugoslávia, deixou mais de 13.000 vítimas. Terminou depois que uma campanha aérea da OTAN tirou os sérvios e colocaram o Kosovo sob proteção das Nações Unidas.

Mais de 10.000 mortos foram da minoria kosovar-albanesa, 2.300 sérvios montenegrinos e o centenas de romenos.


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