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Estado de Minas

Nicarágua celebra 40 ano de revolução 'em paz', diz líder sandinista


postado em 09/07/2019 16:39

Para o ex-guerrilheiro Jacinto Suárez, Daniel Ortega chega ao 40º aniversário da Revolução Sandinista à frente de um país estável após um ano de protestos que jogaram a Nicarágua em uma profunda crise, enquanto os opositores denunciam um Estado repressor.

"Sofremos uma tentativa de golpe de Estado, mas o governo já conseguiu estabilizar a situação (...) Há tranquilidade, paz", afirmou Suárez, deputado, em entrevista à AFP. Ele descartou antecipar as eleições como exigem a oposição e a comunidade internacional para resolver a crise.

Os protestos contra uma reforma da previdência social estouraram em abril de 2018, origem da crise que, segundo organismos de direitos humanos, deixaram 325 mortos (199 segundo o governo), centenas de detidos, 2.000 feridos e 62.500 exilados.

A economia sofreu uma contração de 4% em 2018 e 400.000 pessoas perderam o emprego, de acordo com sindicatos patronais.

Apesar da tranquilidade proclamada pelo governo, nas ruas das principais cidades, policiais antimotins armados com fuzis fazem patrulhamento, ocupam espaços públicos, vigiam centros de compras, igrejas, universidades e prendem manifestantes opositores.

Sentado em uma poltrona em seu pequeno escritório decorado com fotos do presidente Ortega, do líder cubano Fidel Castro e do venezuelano Hugo Chávez, Suárez diz ter problemas auditivos e às vezes responde com uma voz irritada, quase gritando, quando se refere aos protestos, aos Estados Unidos ou à possibilidade de antecipar as eleições de 2021.

"Diga-me por que a Nicarágua tem que antecipar as eleições? Por que não dizem isso a Honduras, onde as pessoas estão nas ruas se matando? À Argentina, onde (o presidente Mauricio) Macri está com enormes manifestações? Ao Brasil de (Jair) Bolsonaro, com uma greve geral?", questionou Suárez, secretário de relações internacionais da FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional).

- Líder indiscutível -

Ortega, de 73 anos há 12 no poder, foi um dos líderes da luta contra a ditadura de Anastasio Somoza, embora muitos de seus ex-camaradas o acusem de instaurar outra ditadura junto com sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo.

Suárez é amigo de Ortega. Os dois cresceram no mesmo bairro de Manágua e passaram sete anos presos durante a ditadura.

"O comandante Ortega é líder indiscutível da FSLN, ninguém discute um centímetro a liderança de Daniel", afirmou Suárez.

Os Estados Unidos "são inimigos (...) não mudaram, são ingerencistas", critica Suárez, depois de mencionar que as sanções econômicas de Washington freou os desembolsos de créditos de organismos multilaterais.

Os manifestantes contra Ortega são poucos, que segundo Suárez representam 30% de anti-sandinistas na Nicarágua. Para ele, eles podem protestar, mas não chegarão ao poder.

"A única coisa que diziam (os manifestantes opositores) era fora Daniel, não tinham uma raiz popular. Qual é a proposta social, econômica, política que eles têm? Têm somente uma obsessão: derrubar o governo e não vão fazer isso", ressaltou.

- Revolução contínua -

Alguns críticos considera que o processo revolucionário foi encerrado em 1990, quando uma derrota eleitoral tirou os sandinistas do governo. Na opinião de Suárez, com o retorno de Ortega ao poder em 2007 "começa uma nova etapa".

Ele destacou que sob o atual comando de Ortega diminuiu a pobreza extrema.

Dados do Banco Mundial indicam que a pobreza na Nicarágua caiu de 48,3% em 2005 a 24,9% em 2016.

A mudança fundamental da revolução foi a reforma urbana e rural, que entregou terras e fábricas confiscadas de Somoza e seus aliados.

A FSLN "não acredita em democracia por democracia, esse tipo de coisa que cada um anda fazendo o que lhe dá vontade. Por isso a América Latina não prosperou, é uma desordem institucional", argumentou.

Na Nicarágua "já vimos que uma democracia (...) não deixou o país próspero", durante os 16 anos em que a FSLN esteve na oposição, apontou.

"Qual é o problema que todos os órgãos do Estado respondam a Ortega? É melhor, da estabilidade e coerência ao governo", assegurou.


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