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Estado de Minas

Negociações entre talibãs e representantes do governo afegão discutem cessar-fogo


postado em 08/07/2019 22:25

Os talibãs e altos funcionários afegãos concluíram nesta segunda-feira, em Doha, uma reunião de dois dias para discutir um cessar-fogo e os direitos das mulheres, como parte de um diálogo político para acabar com a guerra no Afeganistão.

Organizado pelo Catar e pela Alemanha, o encontro, que começou no domingo e acabou nesta segunda-feira, coincide com a vontade dos Estados Unidos de se retirar do Afeganistão após 18 anos de intervenção militar, a mais longa guerra de sua história.

A reunião foi concluída com uma declaração conjunta que promete um "mapa do caminho para a paz", baseado no lançamento de um processo monitorado, o regresso dos desalojados e a não interferência das potências regionais no Afeganistão.

O texto também inclui a vontade de "garantir os direitos das mulheres nos assuntos políticos, sociais, econômicos, educacionais e culturais de acordo com e dentro do marco islâmico de valores islâmicos".

"Não é um acordo, mas a base para iniciar as negociações ", disse uma das delegadas à AFP, Mary Akrami, diretora-executiva da Rede de Mulheres Afegãs.

"A melhor coisa é que as duas partes concordaram ", acrescentou.

Participaram cerca de 70 delegados afegãos, entre talibãs e representantes políticos e da sociedade civil, assim como organizações de mulheres. O encontro foi realizado em um hotel de luxo em Doha.

A sala de reuniões explodiu em aplausos quando foi lido o comunicado conjunto - primeiro em pashtun e depois em farsi dari - pouco antes das 21H00 GMT (18H00 de Brasília) .

"As diferenças são escassas [...] estamos sinceramente surpresos com a seriedade de ambas partes e de seu compromisso para encerrar este conflicto", disse o enviado especial do Catar para antiterrorismo, Mutlaq Al Qahtani.

- "As mais produtivas" -

No domingo, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, elogiou o governo afegão, a sociedade civil, as mulheres e os talibãs por sua participação nesse encontro.

Este encontro foi celebrado após uma rodada de conversações diretas entre negociadores americanos e talibãs na semana passada em Doha, classificadas por Zalmay Khalilzad, negociador-chefe dos Estados Unidos, como "as mais produtivas" até agora.

"Queremos um Afeganistão estávele", disse à imprensa após as conversações nesta segunda-feira.

Os talibãs disseram que estavam "contentes com os avanços".

Esta foi a terceira reunião deste tipo, após duas rodadas em Moscou em fevereiro e maio.

As conversações entre os afegãos foram realizadas sem a participação direta dos Estados Unidos ou a presença oficial de representantes do governo de Cabul, apesar de serem reconhecidos pela ONU, eles estavam presentes apenas na qualidade "pessoal".

Os talibãs se recusam a negociar com o presidente afegão, Ashraf Ghani, a quem consideram um marionete. Seu governo também foi excluído das negociações diretas entre Estados Unidos e oos talibanes.

Estas conversas serão retomadas na terça-feira, também em Doha.

Washington busca um acordo com os talibãs antes da eleição presidencial afegã de 1 de setembro, e quer preparar o caminho para a retirada das tropas americanas, que chegaram no final de 2001, após os ataques de 11 de setembro daquele ano.

Qualquer acordo de paz com os talibãs repousa sobre quatro pilares: retirada das tropas americanas, compromisso dos talibãs de não usar o Afeganistão como base para terroristas, diálogo inter-afegão e cessar-fogo.

Mas há questões espinhosas, como a partilha de poder com o talibã, o futuro da administração Ghani, o papel das potências regionais (Paquistão, Irã e Índia) e os direitos das mulheres.

No terreno, os talibãs, considerados em uma posição de força, continuam com suas operações. Um atentado suicida que deixou 12 mortos e mais de 150 feridos, incluindo dezenas de crianças, foi registrado no domingo no leste do Afeganistão.


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