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Estado de Minas

Barco com migrantes desafia governo italiano e chega à ilha de Lampedusa


postado em 06/07/2019 19:07

Um barco com 41 migrantes resgatados chegou neste sábado à Lampedusa e outro aguarda em frente ao litoral da ilha italiana, mas o ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, de extrema direita, lhes nega acesso aos portos.

Uma semana depois do Sea-Watch, o barco com bandeira italiana Alex entrou no porto de Lampedusa, onde policiais o aguardavam, mas todas as pessoas permaneceram a bordo.

"Não autorizo nenhum desembarque àqueles que não se importam com as leis italianas e ajudam os traficantes de pessoas", tuitou Salvini no início da noite.

Salvini divulgou no mês passado um decreto pelo qual podem ser multados em até 50.000 euros o capitão, o operador ou o proprietário de um barco que "entre nas águas territoriais italianas sem autorização".

Depois que "Alex" chegou ao porto, depois de dois dias bloqueado no mar, disse que aumentará a multa máxima para 1 milhão de euros.

O coletivo italiano Mediterrânea, que fretou este veleiro de 18 metros, tuitou pedindo o desembarque dos migrantes resgatados, dizendo que havia navegado até "o único porto seguro para desembarcar" citando "condições deploráveis de higiene à bordo".

"Os naufragados e a tripulação estão exaustos [...] as pessoas resgatadas precisam ser atendidas [...] essa é uma situação surreal e é uma crueldade desnecessária prolongar a espera", acrescentou.

Na semana passada, ao comando do "Sea-Watch", a capitã alemã Carola Rackete foi detida depois de ter atracado sem autorização em Lampedusa para desembarcar 40 imigrantes resgatados no mar, e que estavam à bordo há mais de duas semanas.

Uma juíza italiana invalidou na terça-feira sua detenção, argumentando que ela agiu para salvar vidas, mas duas investigações diferentes, por resistência a um oficial e por ajuda à imigração clandestina, seguem em curso contra ela.

Além do Alex, outro barco com imigrantes, o Alan Kurdi, da ONG alemã Sea-Eye, mantinha-se hoje nas águas internacionais de Lampedusa com 65 migrantes resgatados no litoral da Líbia.

- Irresponsabilidade europeia -

Na Alemanha, mais de 30.000 pessoas protestaram neste sábado em cerca de 100 cidades em solidariedade a Rackete, incluindo 8.000 pessoas em Berlim e 4.000 em Hamburgo.

"A irresponsabilidade dos países europeus me obrigou a fazer o que eu fiz", declarou Rackete, que ainda está na Itália, em uma mensagem aos manifestantes.

O ministro alemão do interior, Horst Seehofer, escreveu uma carta a Salvini pedindo a ele que reflita sobre sua política, disseram fontes próximas ao governo alemão.

"Não podemos ser responsáveis de que barcos com gente resgatada de naufrágios passem semanas no Mediterrâneo porque não podem encontrar um porto", escreveu Seehofer.

Matteo Salvini acusa os barcos de resgate das ONGs de ajudar os traficantes de pessoas e insistiu que "Alex" navegasse até a capital de Malta.

Malta havia aceito anteriormente receber os migrantes a bordo do Alex. A organização Mediterrânea recebeu favoravelmente a ideia de desembarcar os migrantes naquela ilha, mas advertiu que seu barco não estava em condições de percorrer as 100 milhas náuticas que o separavam de La Valeta.

"Nessas condições é impossível navegar durante 15 horas", afirmou no Twitter Alessandra Sciurba, da Mediterrânea.

- A popularidade de Salvini -

A organização Mediterranea reúne militantes de extrema esquerda, dos quais se declara abertamente inimigo Salvini, cuja popularidade disparou na Itália graças à sua posição dura contra os barcos de ONGs que socorrem migrantes.

Uma pesquisa publicada hoje pelo jornal italiano "Corriere della Sera" revela que 59% dos italianos aprovam a decisão de Salvini de fechar os portos a embarcações de ONGs.

Na semana passada, quando estava no comando do Sea-Watch, a capitã alemã Carola Rackete foi detida após atracar sem autorização em Lampedusa para desembarcar 40 migrantes resgatados no mar que estavam bloqueados a bordo há mais de duas semanas. Uma juíza italiana invalidou a prisão de Carola, decisão que gerou duras críticas de Salvini.

O ministro italiano reiterou hoje em Milão seu chamado por uma reforma do regulamento de Dublin (que confia a análise do pedido de asilo ao país de entrada na União Europeia), que considera uma carga injusta para a Itália.

Segundo o Ministério do Interior italiano, 191 migrantes chegaram ao país pelo mar na semana passada.

A juíza italiana encarregada do caso do Sea-Watch determinou que nem a Líbia nem a Tunísia são países seguros para os migrantes.

A Líbia, imersa no caos e na instabilidade desde a queda de Muamar Gadafi em 2011, é uma importante rota de trânsito dos migrantes, sobretudo subsaarianos, para chegar à Europa.


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