Os principais líderes dos protestos contra o governo de Daniel Ortega foram libertados nesta terça-feira (11), em virtude da lei de anistia aprovada no último fim de semana - informaram fontes opositoras.
Vídeos postados nas redes sociais mostravam os opositores libertados gritando "Nicarágua" e "justiça" com a bandeira do país.
Eles deixaram a prisão em um micro-ônibus da Cruz Vermelha Internacional e encontraram parentes.
O economista opositor Juan Sebastián Chamorro informou que 56 presos foram soltos hoje, um dia depois da libertação de outros 50.
Entre eles, estão os líderes camponeses Medardo Mairena e Pedro Mena, a estudante belgo-nicaraguense Amaya Coppens, os jovens Edwin Carcache e Byron Estrada, os jornalistas Lucía Pineda e Miguel Mora, e a comerciante Irlanda Jerez.
"Continuaremos informando", disse Pineda, que tem dupla nacionalidade - costarriquense e nicaraguense.
Também foram libertados dois jovens acusados de matar o jornalista Ángel Gahona, cujos familiares defendem a inocência dos identificados como responsáveis por sua morte.
O governo ainda não se pronunciou sobre a libertação dos prisioneiros.
A chegada dos opositores a suas casas foi motivo de alegria entre parentes e vizinhos que se aglomeraram em frente às residências com bandeiras da Nicarágua, balões e buzinas.
"Recebo com grande alegria a notícia de que estão fora da cadeia esses nicaraguenses que nunca deveriam ter estado lá", tuitou o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Baez, um crítico de Ortega.
Os opositores foram presos por participarem de protestos contra o governo que eclodiram em abril de 2018. Sua repressão provocou uma crise política, que deixou 325 mortos, milhares de feridos e 62.500 exilados.
"Muito emocionante, muito feliz. Esperamos que nunca mais haja prisioneiros políticos na Nicarágua", disse Chamorro, junto com os pais e vizinhos do estudante Carcache.
Chamorro ressaltou que a libertação dos opositores também "é uma grande conquista dos parentes", que mantiveram a pressão para exigir sua soltura.
Antes das libertações de segunda e terça-feira, outros 386 opositores presos foram colocados em prisão domiciliar, mas o governo não informou se sua situação mudou.