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Estado de Minas

Desdenhada por países ocidentais, Huawei conquista a África


postado em 11/06/2019 08:01

A Huawei, gigante tecnológica chinesa acusada de espionagem por Washington, e que concentra boa parte da guerra comercial entre China e EUA, desperta receio entre vários governos ocidentais, mas espera conservar a confiança dos países africanos, onde está bem instalada.

Segunda maior fabricante global de smartphones e primeira de material de ponta para as redes, a empresa pode perder o direito de usar o sistema Android, do Google, presente na imensa maioria dos celulares do mundo.

Especialistas acreditam que a África subsaariana, um terreno privilegiado dos investimentos chineses, continuará sendo leal a Huawei. Uma prova disso é que a União Africana (UA) assinou em maio com a gigante chinesa um acordo para reforçar sua cooperação tecnológica.

"É uma forma de demostrar que a Huawei está sempre na África e que quer continuar sendo um ator principal neste setor muito importante", opina à AFP Ruben Nizard, economista especialista em África na seguradora Coface.

Suspeitas de espionagem já começam a recair sobre Pequim: em 2018, o jornal francês Le Monde tinha afirmado que a China espionou a sede da UA, em Adis Abeba.

- Huawei em 40 países da África -

Desde sua chegada em 1998 ao Quênia, a Huawei se tornou rapidamente um importante ator na África, onde opera em 40 países. Ela fornece mais de metade da rede 4G ao continente.

A companhia também vai desenvolver tecnologias 5G - a próxima geração de telefonia móvel, mais rápida e eficaz - no Egito, pela Copa Africana de Nações, de 21 de junho a 19 de julho.

"A Huawei identificou o mercado africano e conquistou-o graças a uma estratégia muito agressiva, baseada em financiamentos baratos e uma rápida implementação. O fato de equiparem a UA já é revelados", garante à AFP Aly Khan Satchu, analista independente baseado no Quênia.

A presença do grupo chinês vai além da venda de smartphones e da construção de redes. A Huawei também oferece equipamentos para transferir dinheiro por telefone celular, muito popular na África Oriental.

Na África do Sul, o grupo chinês oferece treinamento a estudantes nas mais renomadas universidades e este ano lançou um programa de cursos especializados sobre 5G.

O investimento da Huawei vai ainda mais longe, com o desenvolvimento de tecnologias para tornar as cidades mais "inteligentes" e "seguras".

Em abril, o governo queniano assinou um acordo com a Huawei US$ 175 milhões para a construção de um centro de armazenamento de dados informáticos, bem como uma "cidade inteligente".

- Ditadura digital? -

O sistema de "Safe City" já está implementado nas Ilhas Maurício com 4.000 câmeras "inteligentes" em 2.000 locais, bem como na capital do Quênia, Nairóbi.

"Esta solução pode impedir crimes contra cidadãos, turistas, estudantes, etc., antes de que se sejam produzidos", garante a Huawei, que rejeita os temores de uma "ditadura digital" do tipo Big Brother, aos quais a imprensa das Ilhas Maurício.

A Huawei Marine participa além disso do laçamento do cabo submarino PEACE, de 12.000 km, que une o continente asiático ao africano, e que parte Paquistão ao Quênia, e em um futuro até a África do Sul.

Embora Pequim pareça ter uma vantagem no continente africano, a atual guerra comercial pode mudar a situação, forçando os países a escolher entre a China e os Estados Unidos.

"A África está no meio dessa guerra comercial, quando não tem nada a ver com isso e não se aproveita disso", diz Ruben Nizard.

"A situação é totalmente nova, e precisaremos de liderança africana real" para enfrentá-la, enfatiza John Stramlau, professor sul-africano de Relações Internacionais.


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