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Estado de Minas

Prisão domiciliar para jornalista investigativo russo acusado de tráfico


postado em 08/06/2019 19:37

O jornalista investigativo russo Ivan Golunov, acusado pela polícia de tentativa de tráfico de drogas, foi condenado a ser mantido em prisão domiciliar neste sábado, depois de comparecer diante de um juiz em Moscou, enquanto seus apoiadores denunciavam um caso armado em represália por seu trabalho.

Golunov, repórter do veículo on-line independente Meduza, que tem sua sede na Letônia, é acusado de tentar vender uma "grande quantidade" de cocaína e mefedrona, escreveu seu advogado Pavel Chikov no aplicativo de mensagens Telegram.

Um juiz lhe comunicou a detenção preventiva domiciliar "por uma duração de dois meses", o que foi recebido com gritos de alegria por uma centena de pessoas presentes no tribunal de Nikulinski.

O jornalista, de 36 anos, foi internado após se sentir mal, segundo um comunicado.

Seu advogado havia escrito antes por Telegram que os médicos suspeitavam que seu cliente teve as costelas quebradas, contusões e traumatismo craniano.

O chefe da equipe médica do hospital, doutor Alexandre Miasnikov, negou, porém, essas declarações. "Detectamos apenas arranhões nas costas e contusões em um dos olhos", relatou.

Na sexta, Golunov informou ao representante do Conselho Presidencial dos Direitos da Rússia que foi agredido no momento de sua detenção. Segundo ele, os policiais lhe deram dois socos na cabeça e pressionaram seu peito com os pés.

Golunov foi preso na quinta-feira em uma rua de Moscou. Segundo a polícia, no momento de sua detenção, carregava em sua mochila cinco envelopes de mefedrona, uma droga sintética.

Advogado da área de direitos humanos, Chikov exibiu um documento policial que mostra a acusação contra o jornalista. Se for considerado culpado, pode ser condenado a uma dura pena de prisão.

De acordo com seus colegas, a acusação é uma armação para punir suas investigações sobre corrupção nas mais altas esferas políticas. Golunov publicou matérias investigativas sobre fraudes no setor de microcréditos, ou na gestão de coleta de lixo na capital russa.

Na frente do tribunal, a diretora-geral do Meduza, Galina Timchenko, disse que o jornalista recebeu ameaças.

"Ivan recebeu ameaças. Há dois meses elas se tornaram quase diárias", denunciou Galina, acrescentando que não conseguiu convencê-lo a falar com a polícia.

"Diziam 'vamos te enterrar para sempre'", completou.

"Temos razões para acreditar que Golunov está sendo perseguido por suas atividades jornalísticas", declarou a direção do Meduza na sexta-feira (7).

"A reputação profissional de Ivan Golunov é irretocável. É um jornalista meticuloso, honesto e imparcial", acrescentou o Meduza.

Também ontem, a organização Anistia Internacional denunciou acusações "duvidosas e que seguem um esquema já conhecido, infelizmente".

A Rússia se encontra na 149ª posição na classificação de liberdade de imprensa da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) em 2019, atrás do México, do Zimbábue, ou da Argélia, por exemplo. Vários jornalistas foram agredidos, ou assassinados, nos últimos anos.


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