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Estado de Minas

Brasil e Argentina sonham com moeda comum


postado em 07/06/2019 15:07

Os governos do Brasil e da Argentina abriram discussões para fazer avançar a longo prazo a ideia de uma moeda comum, chamada por enquanto de "peso-real" - disse nesta sexta-feira (7) o presidente Jair Bolsonaro, antes de deixar Buenos Aires após uma visita oficial.

"Um primeiro passo para o sonho de uma moeda única na região do Mercosul. O peso-real. Como aconteceu com o euro lá atrás, pode acontecer o peso-real aqui. Pode acontecer. É o primeiro passo", afirmou Bolsonaro ao deixar seu hotel na capital argentina antes de retornar ao Brasil.

O ministro da Fazenda da Argentina, Nicolás Dujovne, confirmou que a ideia de ter uma moeda única compartilhada pelos dois países foi abordada com seu equivalente brasileiro, Paulo Guedes.

Após as declarações de Bolsonaro, o Banco Central (BC) lançou um balde de água fria ao afirmar, em comunicado, que "não tem projetos, ou estudos em andamento para uma união monetária com a Argentina. Há tão somente, como é natural na relação entre parceiros, diálogos sobre estabilidade macroeconômica, bem como debates acerca de redução de riscos e vulnerabilidades e fortalecimento institucional".

Lançada no fim dos anos 1990 para o Mercosul, sem nunca ter sido concretizada, a ideia foi citada na quinta-feira no âmbito da primeira visita de Bolsonaro a Buenos Aires, onde passou quase 24 horas.

"Temos conversado sobre isso há um tempo com meu colega brasileiro Paulo Guedes e, por enquanto, é uma ideia que compartilhamos", disse Dujovne à Radio Mitre.

O ministro esclareceu se tratar de uma iniciativa "de longo prazo que requer antes uma convergência em muitos aspectos: fiscais, tributários e trabalhistas".

Para ser concretizado, o projeto levará muito tempo, pois requer a aprovação dos Parlamentos dos dois países e um processo de convergência fiscal e monetária, além da criação de um Banco Central supranacional.

"Um projeto tão ambicioso deve ser debatido em ambos os países e não tem um prazo. Levaria muito tempo, porque antes é preciso dar muitíssimos passos, mas o primeiro, que é convergir na necessidade de embarcar nisso, já foi dado", acrescentou o ministro argentino.

Os dois principais sócios do Mercosul estão "expostos aos mesmos choques externos. Dependemos fortemente das nossas exportações de commodities, e nossas moedas se movem com uma correlação de eventos internacionais. Ter mais estabilidade levaria a mais comércio, mais crescimento e menor inflação", argumentou Dujovne.

Avaliada em 46,12 pesos por dólar, a moeda argentina se desvalorizou quase 59% desde janeiro de 2018, enquanto o real, cotado a 3,883 por dólar, recuou 15,46% no mesmo intervalo. Em 2018, a inflação argentina foi 47,6%, e a do Brasil, 3,75%.

O economista-chefe da Fundação de Pesquisas Econômicas Latino-Americanas (FIEL), Daniel Artana, avaliou que "não estão dadas as condições hoje para ter uma moeda comum com o Brasil".

"Se criarmos uma moeda com o Brasil, a inflação acaba automaticamente, mas teríamos muitos outros problemas", acrescentou Artana à rádio Futurock.

Antes de deixar Buenos Aires, Bolsonaro voltou a se referir às eleições presidenciais de outubro na Argentina e manifestou seu apoio a Mauricio Macri, que busca um segundo mandato.

"Não queremos o socialismo, ou o comunismo, na região", disse o presidente brasileiro.

Ambos os líderes reafirmaram "a vontade de fortalecer e modernizar o Mercosul" e procurar a "inserção internacional do bloco através da modernização de sua estrutura tarifária e condução das negociações de acordos comerciais em andamento", incluindo com União Europeia, EFTA (Associação Europeia de Livre-Comércio) e Canadá, de acordo com o comunicado conjunto divulgado na quinta-feira.


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