Jornal Estado de Minas

Haiti gasta dinheiro de habitações para vítimas do terremoto com projetos polêmicos

Milhões de dólares destinados para realojar as vítimas do forte terremoto do Haiti em 2010 acabaram financiando projetos questionáveis, como hotéis e prédios ministeriais, cujas obras foram suspensas, informou o Tribunal de Contas do país caribenho.

O Tribunal de Contas haitiano questionou a utilização dos recursos na segunda parte de sua investigação sobre o Petrocaribe, um fundo de desenvolvimento promovido pela Venezuela, que acabou virando exemplo de gestão desastrosa e corrupção.

Meses após a catástrofe que devastou várias cidades do país, incluindo Porto Príncipe, e que matou mais de 200.000 pessoas em 2010, o Estado assinou com duas empresas dominicanas cinco contratos para reabilitar integralmente o bairro pobre de Fort Nacional. As autoridades também anunciaram a construção de dezenas de edifícios em terrenos abandonados no centro da capital.

Esses contratos de 314 milhões de dólares foram assinados "na ausência total de livre concorrência, transparência e respeito da ética", denuncia o Tribunal de Contas.

Dez milhões de dólares foram gastos na construção, de qualidade duvidosa, de um edifício ministerial, e oito milhões se dedicaram a erguer um parque industrial que ainda está inacabado. O dinheiro para essas obras vinha do fundo Petrocaribe.

Entre 2008 e 2018, o Haiti se beneficiou do programa instaurado pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, que permitiu que vários países latino-americanos e do Caribe adquirissem produtos petrolíferos por um bom preço e conseguissem recursos para projetos de desenvolvimento.

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