A polícia da Virginia tenta determinar o que motivou um engenheiro de serviços públicos a atirar de modo indiscriminado, na sexta-feira (31), contra os colegas de trabalho e matar 12 pessoas em um edifício municipal.
As autoridades identificaram o atirador como DeWayne Craddock, de 40 anos, durante uma emotiva entrevista coletiva, que deu mais espaço para as vítimas do massacre, o mais recente capítulo na epidemia de violência com armas de fogo nos Estados Unidos.
O nome do atirador foi mencionado apenas uma vez.
Craddock, que foi morto por policiais, era funcionário do Departamento de Obras Públicas de Virginia Beach, onde trabalhou por 15 anos, informou o chefe de polícia, James Cervera.
O comandante das forças de segurança se negou a afirmar se Craddock havia recebido alguma punição recentemente ou se o arquivo de profissional registrava problemas no ambiente de trabalho. O Wall Street Journal noticiou que ele havia sido demitido recentemente.
"Estamos fazendo uma investigação profunda sobre os atos anteriores ao incidente, assim como sobre o incidente", declarou o chefe de polícia.
O administrador da cidade, Dave Hansen, iniciou a coletiva com a exibição de fotos das 12 vítimas fatais, sete homens e cinco mulheres, enquanto lia seus nomes. Onze trabalhavam para o governo da cidade de 450.000 habitantes, que fica 300 km ao sul de Washington.
- "Muito introvertido" -
Um pouco antes das 16H00 de sexta-feira (17H00 de Brasília), o atirador entrou no edifício municipal, fortemente armado, e abriu fogo de modo indiscriminado.
A polícia respondeu as ligações de emergência do centro municipal, um campus de 30 edifícios de estilo colonial, e cercou o atirador em poucos minutos, declarou Cervera.
Craddock estava armado com uma pistola semiautomática calibre 45 equipada com um silenciador e carregadores de alta capacidade. Ele abriu fogo nos três andares do edifício.
Cervera afirmou que local parecia uma "zona de guerra".
A polícia informou que tentou, sem sucesso, reanimar o suspeito depois que ele foi atingido por tiros dos agentes.
Após o massacre, mais armas foram encontradas no local do ataque e na casa de Craddock.
O edifício municipal abrigava os escritórios do Departamento de Obras e Serviços Públicos da cidade e pode receber até 400 pessoas ao mesmo tempo.
O prefeito da cidade, Bobby Dyer, declarou na sexta-feira que este foi "o dia mais catastrófico da história de Virginia Beach".
Megan Banton, funcionária municipal, disse que ela e 20 colegas de trabalho se esconderam em um escritório.
Ela disse que a polícia não conseguiu chegar de modo suficiente rápido e que a espera pareceu demorar "horas".
Uma vizinha de Craddock contou que ele era introvertido e acordava em horários estranhos.
"Eu escutava quando caminhava. Ele deixava coisas cairem às 2 da manhã", disse Cassetty Howerin a um canal de televisão.
"Nunca o vi levando lixo, com comida, nunca vi entrar ou sair ninguém. Era muito introvertido".
- 150 tiroteios em massa em um ano -
O presidente Donald Trump comentou no Twitter o tiroteio.
"Conversei com o governador da Virginia @RalphNortham durante a noite, e com o prefeito e o vice-prefeito de Virginia Beach esta manhã, para oferecer condolências a esta grande comunidade. O governo federal está lá, e continuará, para o que necessitarem. Deus abençoe as famílias e a todos", escreveu.
De acordo com grupo Gun Violence Archive, que monitora ataques armados no país, a tragédia de sexta-feira foi o 150º tiroteio em massa em 2019 nos Estados Unidos, definido como um evento em que quatro ou mais pessoas são feridas ou assassinadas a tiros.
O número, recordou o senador democrata Chris Murphy, equivale a quase um tiroteio em massa por dia.
Apesar da magnitude da violência com armas de fogo em todo o país, as leis de compra e posse de armas são pouco rígidas. Os esforços para abordar o tema no Legislativo permanecem bloqueados a nível federal.
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