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Estado de Minas

Tarifas de Trump ao México arriscam crescimento dos EUA, apontam analistas


postado em 31/05/2019 16:01

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estimula a economia seu país, mas o anúncio de tarifar em até 25% todos os produtos mexicanos importados ameaça minar o crescimento e prejudicar indústrias americanas cruciais, alertam analistas.

Trump anunciou essas tarifas nesta quinta-feira à noite. As taxas começariam em 5% em 10 de junho, e aumentariam rapidamente, uma medida de pressão para o governo mexicano frear o fluxo de migrantes da América Central que chegam à fronteira sul dos Estados Unidos.

"Se se mantiverem, as tarifas reduziriam o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA em pelo menos 0,7 (ponto) em 2020, e provavelmente levariam o México a uma recessão", alertou Gregory Daco, da especializada Oxford Economics.

"É importante destacar que as interrupções da rede de distribuição, as condições financeiras significativamente mais rigorosas e confiança reduzida do setor privado ampliariam o choque direto das tarifas e aumentariam as probabilidades de uma desaceleração (econômica) nos Estados Unidos", opinou.

O principal diplomata do México para a América do Norte afirmou, após o anúncio de tarifas, que a medida foi "desastrosa", prometendo responder "energicamente".

"Se essa ameaça for concretizada, seria extremadamente grave", disse Jesús Seade, subsecretário para assuntos da América do Norte do Ministério de Relações Exteriores do México.

As medidas também podem naufragar os esforços para promulgar o novo tratado de livre-comércio entre Estados Unidos, México e Canadá, o T-MEC (na sigla em espanhol).

- Golpe direto nos fabricantes de automóveis -

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, se mostrou mais moderado e disse em coletiva de imprensa nas primeiras horas da manhã desta sexta que mexicanos e americanos são favoráveis ao livre-comércio e que o anúncio de Trump de quinta não modificará os planos de seu país para ratificar o T-MEC.

"Isto não detém o processo que já se iniciou para ratificar o tratado. Nós vamos continuar. Desde já, é um assunto que corresponde ao Senado", disse López Obrador.

Obrador defendeu que o México está disposto a escutar Washington, mas disse que seu governo já está trabalhando para deter a onda migratória, que Trump classificou diversas vezes como uma crise e uma invasão.

Os Estados Unidos importam mais de 350 bilhões de dólares em produtos do México, inclusive 128 bilhões em automóveis, autopeças e motores, cruciais para o mercado automotivo integrado da América do Norte, que já enfrenta desafios e demissões em massa.

O Deutsche Bank Securities estimou, em uma análise, que a medida de Trump "pode paralizar a indústria e causar uma grande incerteza", bem como produzir um golpe financeiro que abalaria os produtores americanos contra seus concorrentes estrangeiros.

Já a Business Roundtable pediu para Trump reconsiderar a medida.

"Impor tarifas unilaterais às importações mexicanas seria um grave erro", alertou o grupo composto por diretores das principais corporações americanas, em uma declaração, apontando que isso "criaria um abalo econômico significativo".

Trump recorre aos poderes de emergência nacional para impor unilateralmente às tarifas, sob o argumento de uma crise migratória, embora na sexta, em um tuíte, tenha afirmado que as tarifas ajudariam a restaurar a indústria automotiva americana.

"Para não pagar as tarifas, se começarem a subir, as empresas abandonarão o México, que levou 30% de nossa indústria automotiva, e voltarão aos Estados Unidos", considerou.

"O México se aproveitou dos Estados Unidos durante décadas", afirmou Trump, que garantiu que levantará as tarifas se o México toma medidas efetivas contra a imigração ilegal.

- Mais dores de cabeça para agricultores -

As represálias do México podem prejudicar ainda mais os agricultores americanos, já afetados pela guerra comercial de Trump com a China, bem como as inundações e o clima úmido.

A AccuWeather previu nesta sexta que a colheita de milho nos Estados Unidos cairia cerca de 9% neste ano em comparação com 2018, enquanto a de soja diminuir em torno de 4%.

A Casa Branca anunciou na semana passada um pacote de ajuda de 16 bilhões para os agricultores, depois de uma assistência de 12 bilhões em 2018 para ajudar a compensar as represálias comerciais adotadas por Pequim contra as medidas de Trump.

Dave Salmonsen, um especialista em política comercial da American Farm Bureau Federation, apontou que o México "é um grande mercado para nós" e que as tarifas podem atingir tanto consumidores, quanto agricultores.

"A comida fresca cruza a fronteira todos os dias, portanto as consequências sobre as frutas e verduras frescas seriam bastante imediatas", disse à AFP, destacando especialmente o impacto nos tomates, abacates e outras frutas da temporada, bem como cervejas e tequila.

E se o México adotar represálias, disse ele, isso afetaria o milho e a soja, já que o México agora é o segundo maior mercado para a agricultura dos Estados Unidos devido à guerra comercial com a China.


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