Jornal Estado de Minas

Governo do Amazonas pede transferência de nove presos após massacre em Manaus

Nove detentos que teriam ordenado uma série de mortes em quatro cadeias de Manaus devem ser transferidos para presídios federais esta semana - informou o governo do estado.

Os nomes dos presos não foram divulgados, e a lista de transferência pode aumentar no decorrer da investigação do massacre que deixou, entre domingo e segunda-feira, 55 mortos, a maioria por asfixia.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, disse em Lisboa, onde participa de uma conferência sobre corrupção, que a tragédia foi fruto de "um conflito entre facções criminosas dentro dos presídios".

O ministro descartou a possibilidade de redução da superlotação nas penitenciarias.

"A melhor política de redução da população carcerária é a redução de crimes. O Brasil segue tendo uma criminalidade muito elevada e nesse contexto é muito complicado reduzir a população carcerária. Não podemos simplesmente abrir as portas das prisões", declarou.

O Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo com 726.712 presos (dados de 2016), que geralmente vivem em condições de superlotação e sob o controle de facções que disputam o controle do tráfico de drogas e se enfrentam em sangrentos ajustes de contas.

O ministério da Justiça ordenou o envio da Força de Tarefas de Intervenção Penitenciária para reforçar a segurança nos presídios do Amazonas, que já estão sob vigilância redobrada desde o domingo e com as visitas suspensas, a princípio, por um mês.

Este efetivo de intervenção foi criado em janeiro de 2017 pelo ministério da Justiça para funcionar como tropa de reforço, a pedido dos estados com problemas no sistema penitenciário e após massacres em presídios nos primeiros quinze dias deste ano no Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte, que deixaram pelo menos 123 mortos.

O governador amazonense, Wilson Lima, disse esta manhã à imprensa que espera a chegada de 20 efetivos ao longo do dia, e de outros 80 até o final de semana.

Na segunda, 40 detentos morreram. No Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), a 28 km de Manaus, ocorreram 25 mortes e, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), outros quatro detentos foram executados.

Na Unidade de Prisões de Puraquequara (UPP), morreram 6 detentos, e outros cinco, no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM 1).

No domingo, foram 15 os detentos mortos no Compaj durante o horário de visitas. A mesma prisão foi palco em janeiro de 2017 de uma rebelião sangrenta que durou 20 horas e deixou 56 mortos, um dos piores massacres já registrados em presídios brasileiros.

A Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas (Seap) informou através de um comunicado que as mortes "estariam motivadas por uma ruptura entre presos que pertenciam ao mesmo grupo criminoso e que atua no tráfico de drogas no estado". Também garantiu que a intervenção dos agentes evitou a morte de pelos 200 detentos "jurados de morte".

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