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Estado de Minas

Greve geral no Sudão pressiona militares no poder


postado em 28/05/2019 16:07

Milhares de sudaneses participaram nesta terça-feira (28) uma greve geral convocada pelos manifestantes, paralisando vários setores econômicos e as comunicações para aumentar a pressão sobre o Exército, que se recusa a transferir o poder para civis, mais de seis semanas depois da derrubada de Omar al Bashir.

Funcionários públicos, bancários e empresas privadas responderam à convocação de uma greve geral de 48 horas na terça e quarta-feira, insistindo que apenas um governo civil pode tirar o Sudão da crise política.

"Esta greve é a primeira etapa, se nossas exigências não forem atendidas, recorreremos à desobediência civil", advertiu o bancário Yussef Mohamed, enquanto repetia slogans com seus colegas em seu local de trabalho.

"Um governo militar foi testado, mas não funcionou", acrescentou.

Em diferentes bairros da capital, Cartum, os trabalhadores em greve protestavam nas ruas, e motoristas buzinavam, solidários.

Integrantes do exército regular e paramilitares da Força de Apoio Rápido (RSF) cercaram o Banco Central em Cartum.

"Esta força militar tentou obrigar o pessoal a retomar o trabalho", denunciou a Associação de Profissionais Sudaneses (SPA), um ator importante do movimento de protesto.

- Conexões aéreas restabelecidas -

Centenas de passageiros do aeroporto de Cartum permaneceram em terra na primeira hora da manhã com a greve dos funcionários.

Mais tarde as atividades foram retomadas e as conexões aéreas, restabelecidas. Muitos funcionários exibiam cartazes com frases de apoio à greve. As companhias aéreas sudanesas Badr, Tarco e Nova suspenderam alguns de seus voos.

Na principal rodoviária da capital, centenas de funcionários também paralisaram suas atividades.

- Sem avanços -

O líder dos protestos, Siddiq Farukh, disse à AFP que a greve era uma mensagem ao mundo de que o povo sudanês "não quer que o poder fique nas mãos dos militares".

Outro destacado líder, Wajdi Saleh, reconheceu na noite de segunda-feira que "ainda não havia avanços" nas negociações, mas que o movimento de protesto estava disposto a discutir se os generais desejavam isso.

"Esperamos alcançar um acordo com o Conselho Militar e não ter que ir a uma greve indefinida", afirmou.

- 'Parte do antigo regime' -

"Vemos o Conselho Militar como uma parte do antigo regime. Não o vemos apoiando nenhum direito, nem construindo um Estado justo", declarou uma manifestante, Hazar Mustafa.

O exército derrubou Omar Al-Bashir em abril, após meses de protestos.

Mas os generais, que têm o apoio das potências regionais, até agora ignoraram os apelos dos governos ocidentais e dos manifestantes de transferir o poder para os civis.

Antes de suspenderem as negociações na semana passada, os manifestantes e os militares chegaram a acordos sobre várias questões fundamentais, como a criação de um período transitório de três anos e a criação de um Parlamento com 300 cadeiras, dois terços dos quais para representantes do movimento de protesto.

As negociações, entretanto, ficaram estagnadas por não se conseguir um acordo sobre quem deveria dirigir o novo órgão de governo: um civil ou um militar.

Esse corpo de governo deverá, em princípio, estabelecer um governo interino civil de transição que terá que organizar eleições ao fim de três anos.


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