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Estado de Minas

Europeus na Grã-Bretanha se dividem entre a descrença e a hostilidade


postado em 21/05/2019 07:40

Com a previsão de deixar a União Europeia (UE) antes do fim do ano, os britânicos vão às urnas nas eleições europeias divididos entre a descrença e alguma hostilidade.

A eleição ocorre quase três anos após o referendo de 2016, no qual o Reino Unido decidiu, por 52% dos votos, deixar a UE.

Mas, diante da dificuldade de aprovar um acordo de divórcio no Parlamento britânico, o Brexit - inicialmente previsto para 29 de março de 2019 - foi adiado para 12 de abril e, depois, para 31 de outubro. Isso forçou a primeira-ministra conservadora, Theresa May, a organizar eleições europeias, como os demais países-membros.

Sua formação e o Partido Trabalhista - o principal da oposição - relutam em se lançar em uma campanha que vai trazer novamente à tona das divisões internas acerca do Brexit.

Além disso, disputar votos nesta altura do campeonato corre o risco de ser mal interpretado pela população.

- 'Péssima ideia' -

"Participar das eleições europeias é uma péssima ideia", avaliou Ashley Fox, líder dos eurodeputados conservadores britânicos. "As pessoas vão se perguntar por que devem eleger representantes de uma organização que decidimos abandonar há três anos".

Ativistas relataram enfrentar hostilidade para concorrer.

Ben Bradley, parlamentar conservador de Mansfield (norte da Inglaterra), disse que seu comitê de apoio local está se recusando a financiar a campanha europeia. "Não vamos gastar dinheiro em uma eleição da qual não queremos participar e sem a certeza de que nossos parlamentares se sentarão um dia".

Theresa May ainda espera poder cancelar a votação se o Parlamento adotar, até 22 de maio, o acordo de retirada que ela fechou com a UE - já rejeitado três vezes.

Para tentar alcançar um consenso, a dirigente iniciou, em abril, negociações com a oposição trabalhista.

Esses últimos se contentaram em publicar na internet a lista de seus candidatos às eleições europeias.

O desafio é chegar a um acordo. Enquanto a direção defende uma formulação que promete forjar os laços mais estreitos possíveis com a UE após o Brexit, os diversos integrantes do partido pró-UE exigem a demanda de um segundo referendo.

- Segundo referendo -

Esse imbróglio favorece movimentos antissistema, criando para os europeus "uma competição particularmente interessante", diz Patrick English, professor da Universidade de Exeter. "Novos partidos surgiram, mordendo as fronteiras da velha guarda, que está lutando para manter seus eleitores".

O Change UK, partido anti-Brexit formado por ex-conservadores e trabalhistas, é um partido da moda.

Esta reunião eleitoral é "uma oportunidade para nós, cidadãos europeus, dizermos que fomos prejudicados pelos resultados do primeiro referendo", afirmou a militante pró-UE Isis Quaresma-Cabral à AFP. "Eu vejo uma espécie de segundo referendo sem problemas", diz a francesa de 44 anos que vive há 19 no Reino Unido.

Mas é especialmente o Partido do Brexit, liderado pelo eurocético Nigel Farage, que se beneficia da situação, conseguindo superar as intenções de voto.

Este pleito já havia aparecido nas eleições europeias por meio de outra formação, o Ukip, em 2014. E essa vitória, entre outras coisas, levou o ex-primeiro-ministro conservador David Cameron a prometer um referendo sobre a filiação do Reino Unido com a UE.

Enquanto Nigel Farage quer ridicularizar as instituições europeias instalando tantos parlamentares eurocéticos quanto possível no Parlamento Europeu, os eleitores eurocéticos pedem um boicote às eleições. "Não faz sentido votar", disse Charlie Smith, um trabalhador de 35 anos de Londres. "Nós votamos no Brexit e eles não nos dão", acrescenta. "É por isso que eu não votarei em nenhum deles".


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