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Estado de Minas

Estudo aponta que homem moderno se separou do Neandertal muito antes do que se acreditava


postado em 16/05/2019 11:55

Os cientistas que investigam as origens dos seres humanos fizeram progressos com as recentes melhorias nas técnicas de análise de DNA. Um novo estudo se baseia em um método alternativo para voltar no tempo: a análise de dentes humanos fossilizados.

Um estudo, publicado na revista Science Advances, aponta uma data anterior àquela de consenso científico sobre a idade do último ancestral comum do Homo sapiens (nossa espécie) e dos neandertais, 800.000 anos em vez de 400.000, a 600.000 anos de idade.

Mas esse trabalho, liderado por Aida Gomez-Robles, da University College de Londres, é debatido por antropólogos, alguns dos quais questionam a precisão da metodologia usada pela pesquisadora.

O estudo se baseia em cerca de 30 molares e pré-molares encontrados nas cavernas de Sima de los Huesos, na Espanha, que pertenceram aos primeiros homens e mulheres de Neandertal. Também analisou fósseis de outras sete espécies humanas antigas.

Os dentes de Sima de los Huesos foram datados em 2014 por técnicas confiáveis em 430.000 anos. Essa datação já indicava em si mesma que a "divergência" entre sapiens e neandertais ocorrera antes de 400.000 anos atrás. Mas quando?

Para calcular quando esse ancestral comum é datado, a pesquisadora usou um modelo estatístico que pressupõe que a forma dos dentes humanos evolui a uma taxa constante. O objetivo é ir longe o suficiente no tempo para encontrar um ancestral capaz de conduzir ao mesmo tempo aos dentes dos humanos Sima de los Huesos e aos dentes dos humanos modernos.

É com esse cálculo que Aida Gomez-Robles chegou à conclusão de que nossos ancestrais e os de Neandertal "divergiram" há 800 mil anos.

A consequência imediata deste trabalho é que eles eliminariam o homem de Heidelberg (Homo heidelbergensis) como o ancestral comum tão procurado.

- Divergência lenta -

O estudo sozinho não vai resolver o debate sobre as origens da humanidade, mas a professora disse à AFP que o estudo das variações anatômicas "nos dá uma imagem mais precisa", em particular porque a extração de DNA fóssil muito antigo permanece muito difícil, muitas vezes impossível.

O fato de que o DNA e os dentes dão datas diferentes também apoia a ideia de que as espécies não se separaram ao mesmo tempo, mas que a divergência ocorreu durante períodos muito longos, durante os quais indivíduos começaram a se diferenciar, mas continuaram a se misturar e reproduzir.

"A divergência entre os neandertais e os humanos modernos, ou as divergências entre qualquer espécie, não são coisas que acontecem em um momento específico", diz a autora do estudo. "Sabemos hoje que houve uma hibridação entre os neandertais e os humanos modernos".

Mirjana Roksandic, uma antropóloga da Universidade de Winnipeg, publicou recentemente um artigo de pesquisa descrevendo H. heidelbergensis como um não-neandertal. Ela elogiou o trabalho feito por sua colega.

"Ela encontra o momento em que os neandertais começaram a traçar seu próprio caminho, é um resultado muito, muito importante", disse à AFP. "Os dentes são fósseis, eles contêm muita informação".

Outros são mais moderados. A antropóloga Bridget Alex, de Harvard, descreve a nova metodologia como "útil", ao mesmo tempo em que ressalta que cria tensão entre mudanças genéticas e mudanças físicas e fisiológicas na evolução, que podem ocorrer em ritmos diferentes.

Susan Cachel, professora de evolução humana na Universidade Rutgers, critica o estudo. "Se os ancestrais dos humanos anatomicamente modernos e dos neandertais não vêm do Homo heidelbergensis, de onde eles vêm? Um antepassado desconhecido e misterioso?"

"Há variações dentárias extraordinárias entre os seres humanos vivos", diz ela, o que minaria uma das hipóteses de Aida Gomez-Robles. Por exemplo, os ameríndios atuais têm um tipo muito raro de pré-molar, "sem dúvida surgido nos últimos 15.000 ou 20.000 anos".

"Portanto, contesto a ideia que os ritmos da evolução dentária são invariavelmente lentos".


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