(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Imagem da Nobel da Paz Aung San Suu Kyi sofre novos danos com caso Reuters


postado em 07/05/2019 18:07

Outrora ícone da democracia, Aung San Suu Kyi, a líder de fato de Mianmar e prêmio Nobel da Paz em 1991 tem assistido a uma queda de popularidade nos últimos anos por suas decisões em crises como a dos rohingyas ou dos jornalistas da agência de notícias Reuters, liberados nesta terça-feira (7).

A dirigente não disse nenhuma palavra sobre esta libertação, muito comentada pela imprensa internacional, e participou como se nada estivesse acontecendo de um fórum sobre "reconciliação religiosa" em Naypydaw, a capital administrativa do país.

Seu porta-voz, Zaw Htay, se limitou a fazer um rápido comentário para a AFP por telefone, afirmando que a libertação dos repórteres ocorreu por "interesse nacional a longo prazo", após as suas famílias enviarem uma carta a Aung San Suu Kyi e ao presidente, Win Myint, que assinou o indulto.

A libertação foi interpretada como um gesto de boa vontade para tirar as autoridades birmanesas da encruzilhada do "caso Reuters" antes das legislativas de 2020, nas quais o partido de Aung San Suu Kyi pode perder a maioria absoluta no Parlamento.

Ninguém duvida que "a dama de Yangon" participou dessa decisão, apesar de oficialmente ela ser ministra de Exteriores e assessora especial.

O presidente Win Myint é um de seus conselheiros mais próximos. Ocupa esse cargo porque a própria Suu Kyi não podia ser presidente após sua vitória eleitoral de 2015, pois a Constituição veta essa possibilidade para qualquer birmanês que tenha casado com um estrangeiro.

"Aung San Suu Kyi participou dessa decisão com certeza, pois é um caso importante acompanhado pela comunidade internacional", informou Maung Maung Soe, cientista político birmanês entrevistado pela AFP, que acrescentou que a libertação provavelmente aconteceu por conta das eleições de 2020 e a pressão internacional.

- Silêncio -

Até hoje, Aung San Suu Kyi, que não fala com a imprensa desde que chegou ao poder, apenas havia comentado o caso.

Em setembro de 2018, durante o foro econômico mundial da Associação de Nações do Sudeste Asiático em Hanói, defendeu a independência da Justiça e destacou que os jornalistas "não foram encarcerados porque eram jornalistas" mas porque "o tribunal decidiu que teriam infringido" a lei.

Contudo, a Justiça birmanesa, ainda muito influenciada pela época da junta militar, período em que ocorreram muitos julgamentos políticos, tem fama de não ser independente.

A falta de declarações, somada a seu apoio ao exército contra as acusações de "genocídio" da minoria rohingya em 2017, custaram a Aung San Suu Kyi fortes críticas por parte da comunidade internacional, incluindo alguns dirigentes que anos antes exaltavam sua figura.

A ex-opositora política, que passou cerca de 15 anos em prisão domiciliar durante o regime da junta militar, foi acusada pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, de ter se convertido "na porta-voz de los militares birmaneses", enquanto sua recusa em se posicionar causa irritação no exterior.

A Anistia Internacional chegou inclusive a retirar dela o prêmio de "embaixadora da consciência", por considerar que havia "traído os valores que defendia até então".

Desde 2017, mais de 740 mil rohingyas, uma minoria muçulmana apátrida, fugiram para Bangladesh por conta da violência cometida pelas forças armadas birmanesas e as milícias budistas. Aung San Suu Kyi acusa a imprensa internacional de ter oferecido um "iceberg de desinformação" sobre o tema.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)