(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Ceticismo americano sobre o clima atrapalha cooperação regional no Ártico


postado em 07/05/2019 09:01

Pela primeira vez em duas décadas, os países membros do Conselho do Ártico, reunidos em Rovaniemi (Finlândia), fracassaram nesta terça-feira em redigir sua tradicional declaração final devido, segundo os delegados, à recusa dos Estados Unidos em mencionar a mudança climática.

Primeiras vítimas do aquecimento que prejudica seus estilos de vida ancestrais, os povos indígenas representados na instância de cooperação regional criticaram este fracasso.

Ao final da 11ª Reunião Ministerial do Conselho do Ártico, a habitual declaração conjunta final foi substituída por um texto - mais curto e de menor significado simbólico - assinado por todos os ministros dos oito Estados membros. Nenhuma referência à mudança climática foi incluída.

"Eu não quero culpar ninguém", disse o ministro das Relações Exteriores finlandês, Timo Soini, em entrevista coletiva após a reunião que ele presidiu.

"Mas está claro que as questões climáticas são diferentes segundo os pontos de vista e de acordo com as capitais", acrescentou.

Vários delegados confirmaram à AFP que o bloqueio foi provocado pela recusa dos Estados Unidos em incluir o clima no documento final.

Em outro texto da presidência finlandesa, Soini afirmou que "a maioria de nós considerou a mudança climática como um desafio fundamental para o Ártico". Uma formulação que ilustra a falta de consenso, incomum nesta arena.

Esta mesma maioria, cuja composição não foi especificada, também "elogiou" o programa de trabalho para a implementação do Acordo de Paris sobre o Clima, do qual os Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump está se retirando.

Esta é a primeira vez, desde a sua criação em 1996, que o Conselho do Ártico não emite uma declaração final após suas reuniões ministeriais bienais.

As organizações representando os povos indígenas expressaram preocupação unânime.

"Nossa cultura e modo de vida estão sob ataque. Os animais, os pássaros e os peixes dos quais dependemos para nossa sobrevivência cultural estão sob crescente pressão. Estamos preocupados com nossa segurança alimentar", disse James Stotts, do Conselho Circumpolar Inuit.

"É hora de acertar as contas: a mudança climática existe e os humanos são os principais culpados", disse ele. "Achamos que é hora de parar de brigar" sobre o assunto.

- Cooperação ou competição? -

Reunindo Estados Unidos, a Rússia, o Canadá e os cinco Estados nórdicos (Suécia, Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia), o Conselho do Ártico é geralmente visto como um modelo, onde a cooperação intergovernamental prevalece sobre a competição.

"Os objetivos coletivos, mesmo bem-intencionados, nem sempre são a solução", disse o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, em seu discurso.

"Eles são sem sentido, até mesmo contraproducentes, desde que uma nação não cumpra", ressaltou.

Em um discurso na segunda-feira, na véspera da reunião ministerial, Pompeo se voltou para a China e para a Rússia.

Rejeitando a "atitude agressiva" de Pequim e Moscou no Ártico, ele basicamente os acusou de tentar tomar os abundantes recursos naturais e as oportunidades econômicas na região.

O secretário americano, no entanto, não mencionou as palavras "mudança climática" quando os cientistas dizem que o aquecimento é duas vezes mais rápido na região do que no resto do mundo.

"O governo Trump deveria estar mais preocupado com a ameaça iminente que representa para os americanos por meio de sua inércia climática do que pelas ambições chinesas e russas", comentou Victoria Herrmann, presidente do Arctic Institute, um centro de pesquisa não-governamental americano.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)