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Estado de Minas

Na Bulgária, papa encontra refugiados


postado em 06/05/2019 06:37

"Se eu encontrasse o papa, diria a ele que vivo como um cachorro", exclama Dzhumaa Huseyin, um curdo da Síria cujo êxodo terminou na Bulgária, o país mais pobre da União Europeia.

Como dezenas de milhares de sírios que fugiram de seu país em guerra nos últimos anos, esse ex-técnico queria chegar na Alemanha.

O aumento do controle nas fronteiras e o endurecimento das regras para a recepção de refugiados na UE o forçaram a buscar asilo na Bulgária, onde chegou há mais de um ano.

Este homem de 49 anos e sua família passaram onze meses em um centro de acolhimento de migrantes nos arredores de Sofia, que o papa visita nesta segunda-feira, no segundo dia de sua viagem à Bulgária.

No domingo, em seu primeiro discurso em solo búlgaro, Francisco pediu que o país seja "acolhedor" para "aqueles que fogem da guerra ou da miséria".

Mas a experiência de Dzhumaa Huseyin, como a de muitos refugiados na Bulgária, tem sido, sobretudo, cheia de obstáculos neste país onde não há plano para a integração de requerentes de asilo, apenas assistidos por voluntários e um punhado de associações.

"Pelo menos estamos vivos, há água e eletricidade", resume Huseyin. "Mas não esperávamos viver como mendigos na Europa", suspira ele, que agora recolhe papelão.

Antes de encontrar um quitinete para alugar na capital, morou na rua com sua esposa, seus dois filhos e uma sogra doente.

Encontrar moradia e um médico estão entre os principais desafios, confirmam as poucas ONGs que acompanham os recém-chegados.

"Vamos torcer para que o papa inspire os búlgaros com uma atitude positiva em relação aos refugiados", disse Linda Auanis, presidente do Conselho de Mulheres Refugiadas.

O campo de Vrajdebna, que será visitado pelo papa, acolhe apenas cerca de 60 requerentes de asilo, principalmente da Síria e do Iraque, apesar de seus 300 lugares. Os outros quatro centros de recepção no país também estão três quartos vazios.

- Fronteira fechada -

O número de chegadas de migrantes na Bulgária diminuiu consideravelmente desde 2016, com o abrandamento do fluxo da Turquia e a construção de uma cerca ao longo da fronteira de 274 km partilhada por ambos os países.

As autoridades búlgaras, que afirmam ter evitado a chegada de 5.000 migrantes em 2018 e quase tantas desde o começo do ano, são rotineiramente acusadas de violar os direitos das pessoas de buscar asilo.

Se a grande minoria turca (cerca de 10% da população) resultante do longo domínio otomano sobre a Bulgária, é integrada e representada politicamente, a chegada dos muçulmanos do Oriente Médio é rejeitada tanto pelo governo de direita e seus aliados nacionalistas quanto pela oposição socialista.

Até mesmo a Igreja Ortodoxa a vê como uma "ameaça à estabilidade do Estado" e "equilíbrio étnico".

O chefe de Estado Roumen Radev, próximo dos socialistas, garantiu ao papa no domingo que "a sociedade búlgara não tolera o racismo".

"Uma propaganda política amoral tem como alvo grupos marginais", incluindo de migrantes, apresentados como peso ou vetores de ideias radicais, denuncia Dessislava Petkova, do Departamento de Migração da ONG católica Caritas.

Assim, uma família síria acolhida em 2017 na cidade de Belene (norte), por iniciativa de um padre católico, Paolo Cortesi, teve que deixar a localidade sob pressão de manifestantes nacionalistas, enquanto o padre foi ameaçado de morte.

Outra comunidade receberá nesta segunda o apoio do papa: é a cidade predominantemente católica de Rakovski, exceção neste país ortodoxo, onde os católicos representam menos de 1% da população.

Cerca de 250 crianças farão sua comunhão na presença do papa nesta cidade de 17.000 habitantes, localizada a 160 quilômetros de Sofia.

"Será uma lembrança inesquecível para eles", disse o prefeito Pavel Gudjerov (Gudzherov), que espera ver quase toda a população se reunindo nas ruas.

No final da tarde, o papa voltará a Sofia para uma reunião interreligiosa "para a paz".


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