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Estado de Minas

Rebelião militar em apoio a Guaidó não tem apoio para derrubar Maduro


postado em 30/04/2019 19:52

O opositor Juan Guaidó tenta nesta terça-feira (30) somar apoio a uma rebelião militar para destituir o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, sem que haja sinais de uma revolta maciça contra o governante, que mantém o apoio do alto comando.

Dez horas depois de anunciar o início da rebelião na base aérea de La Carlota, em Caracas, para a qual ele pediu o apoio de todas as Forças Armadas, Guaidó percorreu vários pontos da cidade junto com alguns insurgentes.

Seu correligionário Leopoldo López, que o acompanhou na empreitada nesta terça, acabou se refugiando, junto com sua família, na embaixada chilena em Caracas, anunciou o governo de Santiago.

Horas antes, de madrugada, ele foi libertado por militares leais a Guaidó. Detido em 2014, López cumpria desde 2017 uma condenação de 14 anos em prisão domiciliar por "incitação à violência".

Guaidó está "seguro e viajando", disse uma fonte próxima.

Milhares de opositores continuaram nos arredores de La Carlota depois que o opositor, reconhecido como presidente interina por meia centena de países, advertiu que não voltará atrás até que o governo caia. Maduro denuncia o fato como uma tentativa fracassada de golpe.

"O momento é agora! (...), rua sem saída", disse Guaidó, ao que apoiou o presidente americano, Donald Trump, que disse que seu país "apoia o povo da Venezuela" e que acompanha de perto o situação.

A ONG de direitos humanos Provea relatou protestos em 22 dos 24 estados.

Segundo serviços de saúde, pelo menos 69 pessoas ficaram feridas, duas delas baleadas, durante as manifestações da oposição.

A imprensa local afirma que há um terceiro ferido por arma de fogo nos protestos. Já o governo denunciou que um militar leal a Maduro também foi baleado.

Uma mulher que não participou das mobilizações foi baleada em Caracas, segundo os manifestantes, enquanto o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, também denunciou que um soldado foi baleado e culpou a oposição por um possível "banho de sangue".

Um grupo de opositores foi atingido por um veículo militar, segundo imagens de televisão, mas ainda não sabem as consequências. Militares dispararam bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes de dentro da base de La Carlota.

"Também somos povo e já estamos cansados dessa ditadura", disse um dos insurgentes à AFP, anonimamente, ao redor da instalação. Não se sabe quantas efetivos participam da revolta. Vinte e cinco militares pediram asilo na embaixada brasileira.

Em sua única referência à crise, Maduro, que não apareceu em público, pediu no Twitter "nervos de aço" e disse que os comandantes regionais garantiram a ele "total lealdade".

O embaixador da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, denunciou que os Estados Unidos e outros países da região sabiam de antemão os planos de rebelião militar contra o governo de Nicolás Maduro e conspiraram para provocar "uma guerra civil" na Venezuela.

"Essa nova tentativa de potências estrangeiras para promover uma guerra civil, abrir as portas a um intervencionismo e colocar um governo fantoche em nosso país fracassou", disse a jornalistas o representante de Maduro nas Nações Unidas.

- "Carlotazo" -

Guaidó anunciou o levante em um vídeo que, segundo ele, foi gravado em La Carlota, a principal base aérea do país, onde ele apareceu com Lopez e um pequeno grupo de militares.

"Hoje, bravos soldados, corajosos patriotas, bravos homens ligados à Constituição atenderam ao nosso chamado", afirmou Guaidó.

Cercado pelo alto comando, Padrino reiterou seu compromisso com Maduro e denunciou a rebelião como uma tentativa "grosseira e inútil". "Eles passaram vergonha novamente e isso nos fortalecerá", disse.

"Parece que o 'carlotazo' começou a se diluir e agora parece que entra em cena a repressão", comentou à AFP o cientista político Luis Salamanca, que acredita que a insurreição aparentemente buscava "desencadear outras ações militares a nível nacional".

O governo venezuelano tirou do ar nesta terça-feira a emissora de rádio RCR e as redes de televisão CNN Internacional e BBC Mundo, de acordo com esses veículos e com sindicatos.

- "Até a morte" -

Enquanto isso, uma multidão de chavistas cercava o palácio presidencial de Miraflores, no centro, a pedido de seus líderes.

O número dois de Chávez, Diosdado Cabello, disse que a situação está sob controle e que a insurreição é o trabalho de uma "pequena fração das Forças Armadas e do Sebin (serviço de inteligência)".

Em Miraflores, María Luna, integrante da Milícia, um corpo civil armado, disse à AFP estar disposta a defender Maduro "até a morte se for possível".

"Não vou ficar em casa com os braços cruzados enquanto o regime de Maduro nos oprime", declarou Carlos, opositor de 26 anos, nas proximidades de La Carlota.

- Reações divididas -

Cuba, Bolívia e Turquia, aliados de Maduro, condenaram a "tentativa de golpe de Estado", enquanto a Colômbia, que junto com Washington liderou a pressão contra o líder socialista, apoiou a rebelião. Rússia e México pediram negociações.

O presidente Jair Bolsonaro manifestou o apoio do Brasil "ao processo de transição democrática" no país vizinho.

No que parecia uma aposta em rachas internos no Chavismo, o conselheiro de segurança da Casa Branca, John Bolton, telefonou para Padrino, para o presidente da Suprema Corte, Maikel Moreno, e para o comandante da Guarda Presidencial, Iván Hernández Dala, na tentativa de que abandonassem Maduro.

Bolton assegurou que esses três altos funcionários se comprometeram a apoiar a saída de Maduro. "O momento é agora, esta é sua última chance, aceitar a anistia do presidente interino Guaidó, proteger a Constituição e expulsar Maduro da lista de sanções." "Se eles ficarem com Maduro, eles vão afundar com o navio", avisou.

Segundo o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, Maduro estava pronto para deixar a Venezuela e seguir para Cuba, mas foi dissuadido pela Rússia.

"Ele tinha um avião na pista, estava pronto para ir embora esta manhã, pelo que sabemos, e os russos disseram a ele que deveria ficar", disse Pompeo, em entrevista à CNN.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu para que se evite a violência e se restaure a calma. O Grupo de Lima se reunirá na sexta-feira na capital peruana para avaliar com urgência a crise na Venezuela após a rebelião em apoio ao presidente interino Juan Guaidó, informou nesta terça-feira o governo do Peru.

Os militares são considerados a espinha dorsal de Maduro, que lhes deu amplo poder político e econômico.

Guaidó, que se autoproclamou presidente no comando em 23 de janeiro, ainda não conseguiu quebrar o apoio da liderança das Forças Armadas a Maduro, embora dois dias antes de seu juramento um grupo de soldados amotinados em uma base em Caracas para ignorar o líder socialista.


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