Jornal Estado de Minas

'Não houve nem haverá contas, nem subornos', diz Alan García em carta de despedida

O ex-presidente peruano Alan García rejeitou as acusações de corrupção contra ele em uma carta escrita antes de se suicidar, na última quarta-feira (17), afirmando que "não houve nem haverá contas, nem subornos, nem riqueza".

"Vi outros desfilarem algemados resguardando sua miserável existência, mas Alan García não tem por que sofrer essas injustiças e circos", escreveu o ex-presidente na mensagem dirigida a seus seis filhos, lida nesta sexta-feira (19), com emoção, por sua filha Luciana durante a cerimônia fúnebre.

"Não houve nem haverá contas, nem subornos, nem riquezas, a história tem mais valor que qualquer riqueza material", destacou o ex-presidente, que deu um tiro na própria cabeça na quarta-feira quando estava prestes a ser detido por suposta lavagem de dinheiro e conluio na investigação do caso da Odebrecht no Peru.

García, de 69 anos, que ficou obcecado durante sua prolífica e polêmica carreira política de quatro décadas pelo lugar que ocuparia na história, escreveu que não estava disposto a suportar humilhações.

"Cumprido meu dever na política e nas obras realizadas a favor do povo, alcançadas as metas que outros povos ou governos não conseguiram, não tenho porque aceitar vexames", escreveu numa parte da carta.

"Deixo para meus filhos a dignidade das minhas decisões, a meus companheiros um sinal de orgulho e meu cadáver como uma mostra do meu desprezo para meus adversários, porque já cumpri a missão que me impus", acrescenta.

O social-democrata García governou o Peru em duas ocasiões: 1985-1990 e 2006-2011.

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