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Estado de Minas

EUA ameaça impor tarifas a produtos europeus em retalição a ajuda à Airbus


postado em 09/04/2019 14:37

As tensões comerciais transatlânticas correm o risco de recomeçar nesta terça-feira após a ameaça de Washington de impor aumentos de tarifas a produtos europeus no valor de até 11 bilhões de dólares, em retaliação à ajuda recebida pela fabricante de aviões Airbus.

Por mais de 14 anos, os Estados Unidos e a Europa se acusaram mutuamente de subsidiar a Boeing e a Airbus, respectivamente.

No comunicado desta segunda, o gabinete do representante comercial americano (USTR) disse que a Organização Mundial do Comércio (OMC) concluiu reiteradamente que os subsídios europeus à Airbus prejudicaram os EUA.

"A OMC concluiu várias vezes que as ajudas da União Europeia causaram prejuízo aos Estados Unidos", escreveu o USTR, Robert Lighthizer. "Este caso está em litígio há 14 anos e chegou a hora de tomar ações", afirmou.

"Nossa meta é alcançar um acordo com a UE para dar fim a todos os subsídios inconsistentes com a OMC a aeronaves civis. Quando a UE acabar com esses subsídios prejudiciais, os aumentos tarifários podem ser levantados", explicou.

O USTR estima que as subvenções europeias à Airbus "prejudicam" os Estados Unidos em 11 bilhões de dólares ao ano, acrescenta o comunicado.

Lighthizer publicou uma lista preliminar dos produtos europeus que poderiam ser submetidos a tarifas aduaneiras suplementares.

O montante total das represálias "deve ser decidido pela OMC" neste verão boreal, afirmou o USTR, que se disse preparado para "agir assim que a OMC tiver tomado sua decisão", mas também para levantar suas medidas de represálias se a UE reagir.

A UE respondeu nesta terça garantindo que os valores reclamados pelos Estados Unidos eram "muito exageradas".

"A cifra citada pelo USTR se baseia em estimativas internas dos Estados Unidos", indicou um funcionário da Comissão Europeia, detalhando que "o montante das represálias autorizadas pela OMC só podem ser determinadas pelo árbitro designado pela OMC".

Contudo, a fonte garantiu que os europeus estão abertos a "negociações".

A lista do USTR, que tem 14 páginas, contém, entre outros, produtos do setor aeronáutico, inclusive os da Airbus.

Também inclui alimentos como salmão, queijos, frutas, azeite de oliva e vinhos, bem como roupas.

- Disputa complicada -

"A única solução razoável é um acordo negociado", disse a Airbus, que garantiu que as ameaças dos Estados Unidos são "totalmente injustificadas".

A disputa entre Boeing e Airbus é a mais longa e complicada no âmbito da OMC, que procura equilibrar o comércio global.

Tanto a Airbus como a Boeing tiveram vitórias nesse caminho.

Em março de 2012, a OMC decidiu que bilhões de dólares em subsídios para a Boeing eram ilegais, e pediu para os Estados Unidos interromperem.

Mas meses depois, a UE introduziu outra demanda, garantindo que Washington não estava cumprindo a ordem.

Em junho de 2017, a OMC disse que os Estados Unidos tinham cumprido parcialmente, com concordou com Bruxelas que não "retirou os subsídios" no caso do estado de Washington.

EUA e UE recorreram da decisão no Órgão de Apelação da OMC.

A UE também foi repreendida pela OMC durante o conflito entre a Boeing e a Airbus, e os Estados Unidos pediram para a entidade determinar o montante de sanções que poderiam aplicar contra o bloco europeu por não remover os subsídios.

O USTR disse na segunda-feira que, assim que o relatório for divulgado, anunciará uma lista completa de produtos afetados, que ocorrerá depois de meses de tensões comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia.

O presidente americano, Donald Trump, tornou as tarifas punitivas uma espécie de marca registrada, ao usar esse recurso repetidamente, e adotar as ameaças como uma técnica de negociação.

- Crise na Boeing -

A declaração do escritório do representante comercial também ocorre em um momento em que a Boeing enfrenta uma crise devido a sua aeronave 737 MAX, que é mantida no solo devido a temores de segurança após dois acidentes fatais.

Além disso, a companhia relatou nesta terça-feira uma queda de 19% nas entregas de aeronaves comerciais no primeiro trimestre.

A gigante aeroespacial entregou 149 aeronaves comerciais no total nos primeiros três meses do ano, incluindo 89 aviões 737. Isso é uma redução em relação às 184 entregas, 132 delas de 737, no mesmo período do ano anterior.

As entregas de aeronaves estão intimamente ligadas às receitas das companhias.

Na semana passada, a Boeing já anunciou que vai reduzir por um tempo de 52 para 42 a produção mensal da linha 737.

O mercado espera que, quando anunciar seus resultados trimestrais, em duas semanas, a Boeing atualize suas projeções anuais para baixo.


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