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Estado de Minas

Estudantes argelinos denunciam artimanha de presidente Buteflika


postado em 12/03/2019 18:31

Milhares de estudantes foram às ruas nesta terça-feira (12), em Argel, para protestar contra o que consideram uma artimanha de Abdelaziz Buteflika depois que o presidente desistiu de se candidatar a um quinto mandato e adiar as eleições.

"Os estudantes resistirão ao prolongamento de um quarto mandato!", gritavam os manifestantes.

Muitos exibiam bandeiras e protestavam perto da Place de la Grande-Poste, um edifício emblemático da capital.

"É preciso salvar o povo, não ao poder", "Não à artimanha de Bouteflika!", gritavam ainda os estudantes, que se manifestam pela terceira terça-feira consecutiva através de convocações pelas redes sociais.

Nesta terça-feira, o logotipo inicial das manifestações que começaram em 22 de fevereiro - um "5" dentro de um círculo e riscado em vermelho - se tornou um "4" para protestar contra a extensão do quarto mandato.

Frente a estes protestos inéditos em 20 anos de poder, o presidente de 82 anos anunciou na segunda-feira que desistia de disputar um quinto mandato, como pediam os manifestantes.

Mas ao mesmo tempo, adiou sem marcar nova data data as eleições presidenciais previstas para 18 de abril, prorrogando de fato seu mandato atual até o próximo pleito, que segundo anunciou Buteflika, serão convocadas após a realização de uma conferência nacional que poderia durar até o fim deste ano.

"É uma artimanha para ganhar tempo, para tentar deter o movimento, para ter tempo de trazer outro fantoche como presidente", disse à AFP Amel, estudante de matemática e informática em Argel.

"Buteflika ri de nós. Desde o começo queria prorrogar o mandato (...) Teve o que queria (...) de forma ilegal", disse Bellal, de 19 anos, estudante do segundo ano de jornalismo na capital argelina.

O presidente da França, antiga potência colonial da Argélia, Emmnauel Macron, se declarou satisfeito com a decisão do "presidente Buteflika", mas pediu uma transição com uma duração razoável.

Os Estados Unidos, por sua vez, disseram apoiar o direito do povo argelino a eleições livres e justas.

Os estudantes também se mobilizaram no restante da Argélia. Em Constantina, terceira cidade do país, manifestaram-se mil estudantes e professores, segundo um jornalista local.

Também houve manifestações em Bugia, grande cidade da região de Cabilia, também em Tizi Ouzou e Bouira, na mesma região, segundo imagens difundidas nas redes sociais e em veículos de comunicação.

Em Annaba (nordeste), centenas de estudantes foram às ruas e houve assembleias gerais em vários campi.

- "Movimento 15_de_Março" -

Mas redes sociais, a hashtag "Movimento_de_15_de_Março" substituiu os anteriores de 22 de fevereiro, 1º e 8 de março, as últimas três sextas-feiras, quando houve grandes manifestações.

A hashtag sugere uma nova manifestação para a próxima sexta-feira em protesto contra o que se considera uma manobra do presidente argelino para se perpetuar no poder.

Bouteflika retornou à Argélia no último domingo depois de duas semanas de internação na Suíça para "exames médicos de rotina".

Ao se comprometer "a entregar os poderes e prerrogativas de presidente da República ao sucessor que o povo argelino escolher livremente", Bouteflika indica implicitamente que seguirá como chefe de Estado até o final de seu mandato, em 28 de abril de 2019.

"Não haverá quinto mandato e nunca foi minha intenção, pois meu estado de saúde e minha idade só permitem o cumprimento de um último dever perante o povo argelino, que é a instalação das bases de uma nova República", declarou Bouteflika nesse texto.

"Não haverá eleição presidencial em 18 de abril", acrescentou o presidente argelino, ressaltando que, desta forma, "satisfaz um pedido insistente que muitos de vocês (argelinos) expressaram".

A próxima eleição presidencial "acontecerá ao final de uma conferência nacional inclusiva e independente (...) bastante representativa da sociedade argelina" que "deverá se esforçar para completar seu mandato antes do final de 2019", acrescentou Bouteflika.

Muitas buzinas de veículos começaram a ser ouvidas no começo da noite no centro de Argel.

Por sua vez, Noureddine Bedoui, até o momento ministro do Interior, foi nomeado primeiro-ministro em substituição a Ahmed Ouyahia, alvo, junto com Bouteflika, dos protestos no país.

Bedoui será encarregado de formar o novo governo, segundo a APS. Ele terá como vice-primeiro-ministro Ramtane Lamamra, nomeado igualmente à pasta das Relações Exteriores.


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