Dois fazendeiros brancos foram condenados nesta quarta-feira na África do Sul a 23 e 18 anos de prisão pelo assassinato de um adolescente negro que suspeitavam ter roubado girassol, um drama que provocou distúrbios na região North West.
O tribunal de Mahikeng, capital da província de North West, condenou Pieter Doorewaard, de 28 anos, e Philip Schutte, 35 anos, a 18 e 23 anos de prisão respectivamente pelo sequestro e assassinato do menor.
Em 20 de abril de 2017, Pieter Doorewaard e Philip Schutte surpreenderam Matlhomola Mosweu, de 15 anos, roubando, segundo eles, plantas de girassol perto da cidade de Coligny (noroeste).
O adolescente morreu, segundo o tribunal, depois de ter sido empurrado do carro dirigido pelos dois homens, uma queda em que ele quebrou o pescoço.
Os dois fazendeiros alegaram que o adolescente saltou do veículo quando o levavam para a delegacia.
Philip Schutte recebeu a condenação mais séria ao ser considerado culpado de ter empurrado o adolescente.
"Eles levaram a vítima e a empurraram do carro. O que fizeram naquele dia é verdadeiramente escandaloso", disse o juiz Ronald Hendricks.
O drama de 2017 reverberou em toda esta região rural.
Em Coligny, houve distúrbios e pilhagens de lojas pertencentes a brancos.
O pai da vítima, Sakie Dingake, disse que ficou desapontado com o veredicto. "Eu esperava uma sentença de mais de 30 anos de prisão", disse ele à AFP.
De acordo com um amigos dos condenados, o pastor Tewie Pieters, os dois devem recorrer da decisão.
Depois de um quarto de século após o fim do apartheid, que separou por décadas a maioria negra e a minoria branca, as tensões raciais persistem na África do Sul. Incidentes de conotação racista continuam sendo frequentes, particularmente nas áreas rurais.