Para um país habituado a temperaturas negativas no inverno, parecia exagero quando o serviço de meteorologia dos EUA começou a avisar moradores do Meio-Oeste a evitar respiração profunda e reduzir conversas na rua em razão do frio congelante. O frio que atinge o país desde terça-feira já deixou 12 mortos - a maioria por hipotermia.
Dez minutos de exposição ao frio que chegou a -30ºC no norte dos EUA podem ser fatais. Chicago, onde a sensação térmica é mais fria do que em partes do Alasca, virou um deserto de gelo. Emily Yao, de 32 anos, disse que este é o inverno mais frio que já enfrentou na cidade. O que mudou na rotina dela? "Tudo", diz Emily. "Estou trabalhando de casa. O resto, suspendi."
Novos hábitos
Mas se engana quem pensar que para evitar os problemas do frio basta usar as roupas adequadas ou se manter em casa, com a calefação ligada.
"Tive de prestar atenção em coisas que não faço normalmente", afirma Emily. "Uma delas é garantir sempre um pouco de água correndo na pia para evitar o congelamento da tubulação."
Os termômetros em Chicago chegaram a marcar -29ºC nesta semana, batendo o recorde de -27ºC de 1985. Em Washington, a mínima chegou a 14ºC negativos, ameno perto do que cidades do norte enfrentam. Mesmo assim, escolas passaram a funcionar com horário reduzido, encerrando as atividades mais cedo. Por isso, os trabalhadores também diminuíram a jornada de trabalho.
O brasileiro Gustavo Cunha se mudou para Chicago no dia 10. Para sair de casa na quarta-feira, ele vestiu três calças, três jaquetas e a bota impermeável para conseguir chegar às aulas do curso de administração.
"A cidade está morta. Museus, escolas, órgãos do governo fecharam", diz. A emissão de sua carteira de habilitação também vai ter de esperar. "O que achei mais inusitado é encontrar o sol lá fora, apesar de estar com sensação térmica de -36ºC", conta Cunha, que é do Acre, mas morava em São Paulo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..