(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Oposição e situação vão às ruas em uma Venezuela sob tensão após motim


postado em 22/01/2019 19:44

Manifestantes pró-governo e da oposição voltarão às ruas da Venezuela nesta quarta-feira (23) medir forças nas ruas em um clima influenciado pelo rápido levante de 27 militares que não reconhecem o presidente Nicolás Maduro.

"Temos um compromisso histórico com o nosso país, com o futuro dos nossos filhos. Militar venezuelano, amanhã temos um compromisso histórico com o povo", clamou Juan Guaidó, líder do Parlamento de maioria opositora, ao convocar a manifestação em sessão legislativa.

Enquanto isso, os Estados Unidos, país ao qual o presidente socialista acusa de estar por trás de um "golpe de Estado em andamento", expressaram nesta terça seu apoio às mobilizações populares, que exigirão um "governo de transição" e a realização de eleições.

"Estamos com vocês (...) e seguiremos com vocês até que se restaure a democracia e recuperem seu direito à liberdade", destacou o vice-presidente americano, Mike Pence, em vídeo divulgado no Twitter.

Em resposta, o ministro venezuelano da Comunicação, Jorge Rodríguez, acusou Pence de ordenar aos insurgentes entregar armas a ativistas do Vontade Popular - partido de Guaidó e do líder opositor preso Leopoldo López - para provocar "feridos e mortes na manifestação".

"Deixamos a violência para outros, amanhã é para nos reencontrarmos como povo, falar ao mundo dos passos que vamos dar para que cesse a usurpação, conseguir um governo de transição e uma eleição livre", disse Guaidó, ao se referir ao objetivo das manifestações opositoras.

Guaidó se diz disposto a liderar um "governo de transição".

"A única transição na Venezuela é para o socialismo", refutou o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, ao convocar os seguidores do governo a marchar maciçamente em diferentes pontos do país.

Será a primeira grande queda de braço nas ruas após os violentos protestos que deixaram 125 mortos entre abril e julho de 2017, em meio à pior crise da história moderna do país petroleiro, com escassez de comida e remédios e uma hiperinflação que o FMI projeta em 10.000.000% para 2019.

A crise provocou o êxodo de 2,3 milhões de pessoas desde 2015, segundo a ONU, o maior movimento migratório da história recente da América Latina, que deu lugar a episódios de xenofobia em países vizinhos, como Brasil, Colômbia e Equador.

- "Fora, Maduro!" -

Às vésperas da marcha, cerca de 30 protestos pequenos foram registrados em setores populares de Caracas e arredores, alguns até a madrugada desta terça, com bloqueios de ruas, saques a estabelecimentos comerciais, panelaços e confrontos com autoridades, segundo a ONG Observatório de Conflito Social.

"'Fora, Maduro!', gritavam as pessoas. Foi horrível. A polícia atirando e gases lacrimogêneos por todos os lados. Tive que enfiar meus netos no banheiro", relatou à AFP Dinora de Longa, de 60 anos, no bairro Los Mecedores.

Os focos de protesto estouraram assim que, em meio a intensos apelos da oposição para que a Força Armada rompa com Maduro, 27 militares roubaram armas de um quartel e se entrincheiraram em um destacamento em Cotiza (norte de Caracas), onde foram detidos na mesma segunda-feira em que se amotinaram.

Em sua primeira alusão pessoal ao levante e posterior captura dos rebeldes, Maduro assegurou nesta terça-feira (22), pelo Twitter, que a Força Armada "deu incontáveis demonstrações de disciplina, coesão e preparo para enfrentar qualquer ameaça dos inimigos da Pátria".

O novo mandato de Maduro não foi reconhecido pelos Estados Unidos, por vários governos latino-americanos e pela União Europeia, que pretende lançar em fevereiro um grupo de contato internacional para buscar uma saída negociada para a crise, anunciou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

- Anistia, a porta -

Há uma semana, o Congresso declarou Maduro um "usurpador", depois de ter assumido em 10 de janeiro um segundo mandato considerado ilegítimo por vários governos, e prometeu anistia aos militares, considerados a sustentação do presidente, e que somam 365 mil homens além de 1,6 milhão de milicianos civis.

O Congresso aprovou nesta terça-feira essa proposta, desafiando uma sentença da Justiça (de orientação governista) que ratificou a sentença judicial de 2016 que declarou o Legislativo em desacato e nulas todas as suas decisões.

"Não podem declarar inconstitucional o desejo de mudança de um povo", afirmou Guaidó, que acredita que o chamado do Parlamento está repercutindo nos militares e que o rápido levante de segunda-feira mostra do descontentamento da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB).

Para a especialista em temas militares Sebastiana Barráez, a anistia "pôs em alerta o poder estabelecido. Abre uma porta àqueles militares que estão cansados com o que acontece dentro da FANB", disse.

Embora a Força Armada garanta estar unida, segundo a ONG Controle Cidadão, uns 180 efetivos foram detidos em 2018, acusados de conspirar, uns 100.000 militares pediram baixa desde 2015 e mais de 4.000 desertaram da Guarda Nacional em 2018.

Dois generais estão entre os detidos por um suposto atentado contra Maduro em 4 de agosto, quando dois drones carregados com explosivos estouraram perto de um palanque onde o presidente chefiava um ato militar.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)