O presidente Jair Bolsonaro prometeu, nesta terça-feira (22), em um curto discurso no Fórum de Davos, equilibrar o desenvolvimento econômico do Brasil com a preservação do meio ambiente. Ele ainda garantiu que a "esquerda não prevalecerá" na América Latina.
"O meio ambiente tem que estar casado com o desenvolvimento (...) Pretendemos estar sintonizados com o mundo na busca da diminuição de CO2 e na preservação do meio ambiente", afirmou em discurso ante a elite política e econômica do mundo.
Bolsonaro destacou que a agricultura ocupa apenas 9% do território nacional, e o setor do agronegócio, 20%. "Somos o país que mais preserva o meio ambiente. Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós", afirmou.
Sem dar maiores detalhes, o presidente citou as reformas que presente fazer - como abrir o país ao comércio internacional e reduzir a carga tributária - e destacou o combate à corrupção e o fim do "viés ideológico".
"Não queremos uma América bolivariana como até há pouco tempo existiu (...) A esquerda não prevalecerá nesta região. O que é muito bom, no meu entender, não só para a América do Sul, mas também para o mundo", afirmou ainda.
"Gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo espera de nós", garantiu.
Este é a primeira viagem de Bolsonaro ao exterior desde que tomou posse em 1 de janeiro.
Na segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) deu um impulso à economia do país em suas novas previsões. Segundo o FMI, a maior economia da América Latina está no caminho da recuperação após a recessão de 2015 e 2016: foi previsto um crescimento revisado em 0,1 ponto, a 2,5%, em 2019.
Bolsonaro está na mira de organizações e organismos internacionais por suas posições céticas quanto ao clima e, em particular, por sua gestão da Amazônia.
"Naturalmente, estamos preocupados com a chegada de Bolsonaro ao poder, particularmente no que afeta os povos indígenas e a Amazônia", disse o diretor-geral da WWF, Marco Lambertini, à AFP.
"Nossa mensagem para o Bolsonaro é que ele não acredite que o povo brasileiro não se preocupa com o meio ambiente, com a Amazônia, com o desenvolvimento sustentável e que não interprete mal por que foi eleito", acrescentou.
- Filho sob pressão -
Acompanham-no na comitiva presidencial outro filho, o deputado federal por São Paulo, Eduardo Bolsonaro; e os ministros da Economia, Paulo Guedes; das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; e da Justiça, Sérgio Moro, entre outras autoridades, segundo a Agência Brasil.
Sua estreia como presidente em um evento internacional ocorre em um momento em que aumenta a pressão sobre seu filho mais velho, Flávio Bolsonaro, deputado estadual e senador eleito, com posse prevista para 1º de fevereiro, vinculado a uma série de movimentações bancárias consideradas suspeitas.
Segundo Bruno Binetti, um especialista do think tank Inter-American Dialogue, "não está claro se as ideias liberais de Guedes são compatíveis com o nacionalismo dos ex-militares que integram o gabinete de Bolsonaro".
A situação regional também está na agenda de Bolsonaro no Fórum, onde ele tem um jantar planejado com seus colegas da Colômbia, do Equador, do Peru e da Costa Rica.
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