A Suécia pôs fim, nesta sexta-feira (18), a quatro meses de crise política com a reeleição pelo Parlamento do primeiro-ministro social-democrata Stefan Löfven, que conseguiu neutralizar a extrema direita no último minuto e salvar um dos últimos governos de centro-esquerda na Europa.
"Em todo mundo, a extrema direita está expandindo sua influência", declarou Löfven em entrevista coletiva após uma votação no Parlamento.
"A Suécia terá agora um governo que não dependerá dos democratas da Suécia", o partido nacionalista anti-imigração que surgiu como novo protagonista entre a esquerda e a direita sueca.
O novo governo minoritário de centro esquerda incluirá os social-democratas e os verdes, como aconteceu entre 2014 e 2018.
O Riksdag, a única câmara da legislatura sueca, terá também o apoio do centro e dos liberais, que eram membros da oposição no mandato anterior, graças a um acordo assinado na semana passada.
Juntos, esses quatro partidos têm 167 cadeiras de um total de 349, oito a menos do que a maioria absoluta de 175.
A Constituição do país escandinavo permite que um governo permaneça, porém, enquanto a maioria dos deputados não fizer uma moção de censura.
Com 28 assentos, o ex-comunista Partido de Esquerda, que apoiou a atual coalizão por quatro anos, está excluído dessa nova aliança. Para fechar o caminho para a extrema direita, o partido decidiu se abster.
Stefan Löfven teve de fazer importantes concessões políticas às duas siglas de centro direita, que cobravam a flexibilização do trabalho, a redução de impostos para as pessoas de alta renda e a liberalização dos aluguéis de casas novas.
- Três blocos -
O governo de Löfven será um dos mais fracos do país nos últimos 70 anos, com apenas 32,7% dos votos obtidos nas legislativas de 9 de setembro.
Nessas eleições, os Democratas da Suécia ficaram em terceiro lugar, com 17,6% dos votos.
O chefe desta sigla de extrema direita e neonazista criticou, nesta sexta (18), "a capacidade de Stefan Löfven de permanecer no poder sem levar adiante sua própria política".
- Pressões internas -
Sucessivamente, Löfven e o chefe do Partido Conservador, que ficou em segundo lugar, Ulf Kristersson, receberam do presidente do Parlamento o encargo - em vão - para formar uma coalizão.
Ambos recusaram uma aliança com o partido de extrema direita, apesar da crescente pressão interna de tendência à direita.
"Durante muito tempo, a política era dominada por uma oposição entre os dois blocos. Desde o avanço eleitoral dos Democratas da Suécia, surgiu agora uma oposição entre três blocos", o que torna mais difícil construir coalizões no Executivo, explica o cientista político Olof Petersson.
O acordo entre o futuro governo e a centro direita causa preocupação na esquerda, especialmente em relação à política fiscal, que "corre o risco de agravar as desigualdades na sociedade sueca", enfatiza Ulf Bjereld, professor de Ciência Política na Universidade de Gotemburgo.
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