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Estado de Minas

Na era do #MeToo, modelos de carros viram especialistas no salão de Detroit


postado em 18/01/2019 12:37

A onda de transformação global provocada pelo movimento #MeToo encontrou eco no salão do automóvel de Detroit, onde as montadoras recorrem cada vez menos a modelos tradicionais para exibir seus carros.

Embora a maioria dos modelos, homens e mulheres, continuem tendo corpos dentro do padrão de beleza tradicional e não parem de sorrir, algo parece ter mudado.

Agora, eles conhecem particularidades e o contexto econômico do carro que estão apresentando, e o salão foi marcado por uma maior diversidade física e étnica.

De salto alto, Priscilla Tejeda, afro-americana filha de mecânico que mede cerca de 1,80 metro, integra o grupo de jovens que apresenta o Supra, um carro esportivo legendário da Toyota e uma das principais atrações desta edição do evento.

Para a jovem, que trabalha para a Toyota há dez anos, as modelos são "o vínculo entre a concessionária e o consumidor". "Estamos aqui para ajudar os consumidores a escolher seu próximo veículo e, para isso, perguntamos a eles, por exemplo, sobre seu estilo de vida", explica à AFP.

Salvo alguns comentários sexistas, ela diz nunca ter sido assediada e ter notado uma mudança de atitude nos últimos anos, turbinada pelo movimento #MeToo.

"Provavelmente o movimento #MeToo dissuadiu os consumidores de fazer comentários obscenos", opina. "Eles se dirigem a nós de forma diferente. Não há comentários do tipo 'A modelo vem com o carro?', 'Tem compromisso depois do salão?', 'Qual o seu assento favorito?'. Eles fazem perguntas diretas sobre o carro".

- 'Especialistas do automóvel' -

Um dos símbolos desta pequena revolução, em uma indústria automobilística que continua a ser dominada por homens, é a mudança no cargo dos modelos, agora chamados de "especialistas do automóvel".

"Conhecemos o carro, não somos só modelos", aponta Emerson Niemchick, "especialista do automóvel" para Toyota e cuja mulher é especialista na marca Lexus.

"As pessoas nos fazem perguntas sobre mecânica. Somos comerciais sem ser comerciais", explica.

Emerson e Priscilla trabalham para a agência de talentos americana Productions Plus, uma das cinco grandes agências que abastecem salões do automóvel de todo o país de especialistas. Apenas em Detroit, eles têm 300 de seus talentos empregados, e em abril enviarão 500 para o salão de Nova York.

A Productions Plus contrata seus especialistas através de uma série de testes criteriosos: os candidatos têm que mandar um vídeo de apresentação destacando os méritos de um carro que a sua escolha e, em seguida, são convocados para entrevistas com a agência e com as marcas.

Se superarem esta fase, passam por uma formação de até uma semana durante a qual têm que absorber toneladas de informações sobre a empresa, seus modelos de carros e sua cultura.

Esta formação termina com exames práticos que incluem trajetos de carro, e eles precisam atualizar seu curso todos os meses.

Quando começam a trabalhar, a remuneração oscila entre 200 e 1.000 dólares ao dia, em função do grau de responsabilidade.

"Buscamos pessoas que sejam capazes tanto de representar a marca sobre um pódio, como de descer do pódio para discutir com os consumidores", explica Hedy Popson, número dois da Productions Plus. "Não excluímos os modelos, mas não se trata de um trabalho de modelo", acrescenta.

Ex-modelo de salões automobilísticos, Popson admite que muitos clientes continuam pedindo modelos, mas "trabalhamos com eles para que também mudem de paradigma".


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